Crítica sobre o filme "Três Homens em Conflito":

Edinho Pasquale
Três Homens em Conflito Por Edinho Pasquale
| Data: 13/08/2004

Em meados dos anos 60, o cinema italiano havia falido após ter produzido uma série de filmes épicos caros que naufragaram nas bilheterias. O western spaghetti então já existia, mas eram filmes muito baratos e que raramente eram exibidos fora da Itália. O destino do gênero e da própria indústria cinematográfica italiana começou a mudar em 1964, quando o diretor Sergio Leone, um apaixonado pelo western norte-americano, lançou Por um Punhado de Dólares. O filme foi um grande sucesso que, além de revelar Clint Eastwood (ex-astro da série de TV Rawhide) no papel do "Pistoleiro Sem Nome", levou o western spaghetti ao mercado norte-americano e, por extensão, ao resto do mundo. No ano seguinte Leone deu seguimento ao que seria uma trilogia, com Por uns Dólares a Mais, juntando a Eastwood Lee Van Cleef, que nos EUA era conhecido apenas por papéis de coadjuvante. Finalmente, em 1966, a trilogia que mudaria para sempre a linguagem do western foi concluída com o ambicioso Três Homens em Conflito, estrelado por Eastwood, Van Cleef e Eli Wallach, conhecido à época por ter sido o vilão Calvera no clássico western norte-americano de 1960, Sete Homens e um Destino.

The Good, The Bad and The Ugly é um longo e estilizado filme, que por muitos é considerado o melhor e mais bem dirigido western já feito. Seja isso verdade ou não, o fato é que nele temos Leone, o trio de protagonistas (em especial Wallach) e "Il Maestro" Ennio Morricone, autor das antológicas trilhas sonoras da trilogia, em sua melhor forma. A fotografia é espetacular, seja nas cenas de batalha como nas que Leone explora, como só ele sabe fazer, a amplidão das paisagens (da Espanha, bem convincentes como o Oeste americano) e os longos closes nos rostos dos atores. O nível de ambição, perfeccionismo e detalhismo na produção de Três Homens em Conflito somente seria ultrapassado por Leone em Era Uma Vez no Oeste (1968), outra de suas obras-primas.