Steven SODERBERGH foi a sensação do Oscar de 2001. Ele tem cara de "nerd", é jovem e ainda não se rendeu ao "cinemão". TRAFFIC tem a cara do seu diretor, por isso não preciso gastar uma linha sequer sobre o elenco, diga-se de passagem, imenso (Robert Altman?). E pensar que tudo começou há mais de dez anos com o ótimo SEXO, MENTIRAS E VIDEOTAPE, e que inclusive, terá uma continuação prevista para 2002. É daqueles cineastas completos: edita, escreve, monta, produz, dirige e de vez em quando, aparece numa "ponta". TRAFFIC são três histórias que se desenvolvem ao mesmo tempo, com diversos personagens, o que poderíamos confundir, mas ao utilizar-se de cores diferentes para cada história, o diretor, habilmente, manteve nossas mentes livres para assimilar a trama envolvente sobre o Mundo das Drogas.
TRAFFIC não segue os clichês de filmes sobre drogas. Policial honesto que não aceita suborno de traficantes? Filha de responsável ao combate do tráfico drogada e prostituída? Não é todo dia que se faz produções assim... E também não é todo o ano que um cineasta concorre consigo mesmo ao Oscar de melhor diretor, nem que consegue que Julia ROBERTS leve um, como melhor atriz (ERIN BROCKOVICH). Todos atores querem trabalhar com ele! Você já viu a listinha dos astros em seu próximo trabalho OCEAN´S ELEVEN? Bem, se fossemos julgar um filme pelas suas indicações e prêmios conquistados, TRAFFIC seria o melhor do ano de 2000, batendo a produção pomposa de GLADIADOR. Só não teve um melhor público, diga-se bilheteria, porque o filme foi classificado como "Restricted" ou "R", a penúltima "censura" possível, quando menores de 17 anos podem assistir ao filme somente acompanhados de adulto. No Brasil, teve a censura para 18 anos. Mas de tudo fica a sensação de impotência diante dos fatos denunciados na projeção, muito longe da ficção e das concessões hollywoodianas. Um grande filme e uma grande verdade.