Crítica sobre o filme "Tora! Tora! Tora! - O Ataque a Pearl Harbor":

Marcelo Hugo da Rocha
Tora! Tora! Tora! - O Ataque a Pearl Harbor Por Marcelo Hugo da Rocha
| Data: 30/05/2001

Para quem assistiu ao filme de Michael Bay, aquela bobagem sentimental e ultra-patriota, vale a pena conferir este filme, quase documentário, sobre a invasão japonesa em Pearl Harbor. Diferentemente, da atual produção de Bay (152 zilhões), Tora! Tora! Tora! custou apenas 25 milhões de dólares (mas arrecadou somente a metade, um grande fracasso comercial para a época). Inclusive a própria crítica torceu o nariz para ele. O filme foi indicado a 5 Oscars, e ganhou apenas o de Melhor Efeitos Visuais (1971). Bem, aqui nós temos dois pontos de vista: do agressor e do agredido. E isto está bem visível nos próprios créditos: uma produção para a "seqüência dos Estados Unidos" e outra para a "seqüência do Japão". Ou seja, o envolvimento no projeto é americano-japonês. Com certeza, para dar uma maior credibilidade ao evento. Mas o problema do filme foi exatamente este: a máscara de "documentário", tornado-lhe um pouco chato pela longa metragem.

Para quem quer assistir a um filme de guerra com todas as estratégias, envolvendo os dois lados, é uma grande obra. E com certeza, Michael Bay viu e reviu diversas vezes para criar o seu PEARL HARBOR. Vamos aos fatos comuns: a instalação de um novo radar americano, mas que não consegue identificar fielmente a invasão (será?); os japoneses, ao aproximar do continente, ouvem música da rádio local do Hawaii; a intercepção da mensagem na qual o governo japonês ordenava que sua embaixada destruíssem os documentos secretos; o ataque a um submarino na costa americana antes do ataque; um mariner negro assume uma metralhadora anti-aérea no meio do combate; não foi usada toda a força japonesa; e a famosa frase dita pelo comandante japonês "Receio de ter acordado um gigante adormecido". Mas o pior é fato de que dois pilotos vão para um campo alternativo buscar aviões para contra-atacar os japoneses. Só que em TORA!, eles apenas derrubam 3 aviões inimigos, e não são os protagonistas, enquanto que Ben Affleck e seu amigo Josh Hartnett abateram 7 (e são os "mocinhos" do seu filme). Em TORA! tem-se 30 minutos de invasão; em PEARL, mais de 40 minutos. É, tem mais invasão e mais bem feita (diga-se explosões e efeitos especiais e digitais), mas em TORA! a gente não precisa ficar procurando o que é real ou fantasioso. O máximo foi umas maquetes ou miniaturas. Outra diferença são os "porta-aviões" que os japoneses estavam procurando. Em PEARL não há qualquer referência. A pergunta que fica: o alto escalão do governo americano sabia ou não do ataque a Pearl Harbor? Para quem assiste TORA! fica com a certeza...