Crítica sobre o Blu-ray "Classicline - 188 Min." do filme "El Cid":

Jorge Saldanha
El Cid Por Jorge Saldanha
| Data: 18/03/2012

A ClassicLine, distribuidora independente brasileira que se especializou em lançar por aqui títulos antigos e clássicos, muitos deles cedidos pelas majors que dão preferência a produções mais recentes e rentáveis, entrou no mercado de Blu-ray no final de 2011. Seu mais recente lançamento em alta definição é este EL CID, clássico épico colocado anteriormente no mercado por ela mesma em um DVD precário, em termos de apresentação e qualidade técnica. Ainda não havia tido contato com nenhum Blu-ray da ClassicLine, e pude constatar que este novo lançamento representa um apreciável upgrade em relação ao antigo DVD letterbox 4:3 (a distribuidora também relançou o filme em DVD, provavelmente empregando a mesma transferência anamórfica do BD). Isto, no entanto, não significa inexistência de problemas, até porque em nenhum lugar do mundo EL CID foi lançado em uma edição verdadeiramente digna. Não vou nem falar da embalagem simples, um estojo HD-Case padrão.

 

Para começar, o filme foi rodado no aspect ratio 2.75:1, e a transferência widescreen anamórfica 1080p/AVC MPEG-4, a exemplo das edições européias (acredite: o filme ainda é inédito em Blu-ray nos EUA), está na proporção 2.35:1. Ou seja, apesar de haver informações de que o formato de tela original foi respeitado, as tarjas pretas horizontais da imagem foram um pouco minimizadas, acarretando a perda de alguma informação visual nas laterais – nada dramático, mas isso já configura alteração no seu formato original de tela. Algo que não ocorreu com o recentemente lançado BD de BEN-HUR, que preservou a larga proporção da tela original 2.65:1. Também, em comparação com BEN-HUR, constata-se que o nosso EL CID ao que tudo indica replica a transfer alemã (que também preserva os interlúdios musicais do filme – “Overture”, “Intermission” e “Exit Music”), não tendo merecido restauração e remasterização similares. O nível de detalhes e nitidez, na maior parte do tempo, é muito bom, e as cores são estáveis e firmes. Porém, danos de película (ainda que eventuais) são percebidos, e os níveis de preto nem sempre são consistentes. Além disso, especialmente pela granulação abaixo do normal para uma produção dessa época e a falta de detalhes finos em determinados close-ups faciais, percebe-se a aplicação moderada de DNR. Apesar disso, foi preservada qualidade suficiente para tornar esta, sem sombra de dúvida, a melhor apresentação visual que este épico já recebeu.

Já a experiência auditiva de EL CID, na minha opinião, é bem inferior à visual. A faixa lossless original em inglês DTS-HD MA 5.1 possui boa fidelidade, porém demonstra o peso dos anos através de um dinamic range medíocre, que dá espaço a alguma distorção e graves, para dizer o mínimo, tímidos. O único momento do filme onde percebi a existência do meu subwoofer foi na cena do atentado à vida do Príncipe Sancho (Gary Raymond), que é acompanhada pelo som de trovões. Além disso, o som fica limitado praticamente o tempo todo aos canais frontais, onde o efeito estéreo é notado praticamente apenas na partitura de Miklos Rozsa. Efeitos surround, discretíssimos, apenas em alguns momentos de combate. A dublagem em português é a original da TV, mono, em Dolby 2.0. As únicas legendas disponíveis são português. Os menus pop up e principal (animado) também estão em português.