Crítica sobre o filme "El Cid":

Jorge Saldanha
El Cid Por Jorge Saldanha
| Data: 18/03/2012

O estrondoso sucesso de BEN-HUR (1959) mostrou que a Era dos grandes épicos de Hollywood ainda estava longe de acabar, e o produtor Samuel Bronston, que realizaria produções grandiosas como 55 DIAS EM PEQUIM (1963) e A QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO (1964), lançou em 1961 EL CID, sem dúvida um dos maiores filmes do gênero surgido no período entre os anos 1950 e 1970. Rodado em Super Technirama (75mm), o épico dirigido por Anthony Mann esbanja grandiosidade em todos os aspectos. Exceto pelos cenários de interiores, tudo o que se vê na tela – castelos, barcos, milhares de soldados, etc. – é real, já que não foram usados pinturas de fundo ou efeitos visuais.

 

O filme narra a história / lenda do cavaleiro espanhol Rodrigo Diaz de Vivar, conhecido como El Cid (Charlton Heston), que buscou unificar a Espanha dividida do século 11 para que fossem combatidos os Mouros invasores. Tarefa ingrata, já que sua lealdade era constantemente questionada pelos orgulhosos monarcas cristãos, que colocavam sua ambição pelo poder acima dos interesses do país. Além disso, sua noiva Chimene (Sophia Loren, no auge da beleza) não o perdoava por ter matado seu pai, o Campeão do Rei, em um duelo. Para completar seus infortúnios, apesar de ser considerado um herói pelo povo o cavaleiro foi mandado para o exílio, porém sendo seguido por milhares de soldados a ele leais. Com seu exército, e apesar das ameaças da monarquia, continuou a defender o país contra os invasores. 

EL CID seguiu o padrão estabelecido por produções anteriores, em especial BEN-HUR, escalando um grande elenco internacional e sendo totalmente rodado na Europa (Itália e Espanha). Aliás, de BEN-HUR a produção herdou parte do elenco e da equipe, como o astro Heston, o coordenador de dublês Yakima Canutt e o grande compositor húngaro Miklos Rozsa, que mais uma vez criou uma trilha sonora inesquecível, mesclando orquestrações tradicionais com elementos da música medieval espanhola. O score acompanha e realça à perfeição as principais linhas narrativas do filme – a irrestrita lealdade de Rodrigo a um Rei que não a merece, a conturbada love story com Chimene, os confrontos épicos e o triunfo final da lenda sobre a morte. É de se ver, e ouvir, de joelhos.

 

O longa certamente tem lá suas falhas, porém qual dos grandes épicos do Cinema não as tem? Releve certos aspectos que hoje poderão parecer ingênuos ou não convincentes, assista ao filme no contexto da época em que foi produzido, concentre-se na trajetória extremamente humana e nobre do protagonista e descubra a real grandeza de EL CID.