Lançado direto em vídeo e DVD no Brasil, Todo mundo quase morto foi uma grande surpresa nas bilheterias ianques para um filme britânico independente, além do previsível sucesso nos domínios da rainha Elizabeth II. Para um ano em que Madrugada dos Mortos (2004) dominou os holofotes da imprensa no gênero terror, Todo mundo traz o tema ‘zumbi’ por outro enfoque, a comédia. Como a capa se refere, “uma comédia romântica com zumbis”.
Shaun, o protagonista, (daí o título original, ‘Shaun of the dead’, mas que se tornou por aqui – equivocadamente – numa referência a Todo mundo em pânico e que não tem nada a ver) leva uma vidinha medíocre que se resume a freqüentar sempre o mesmo pub com raros amigos. Na tentativa de não perder a namorada, resolve mudar sua vida, porém não esperava que Londres virasse uma cidade de mortos-vivos. Daí somos levados a todos os clichês de “filmes de zumbis” e suas regras consagradas por George Romero, alterando momentos de humor negro e comédia pastelão a cenas de escatologia ‘gore’, como numa em que um dos amigos de Shaun tem suas tripas retiradas pelos zumbis.
Não é uma comédia para qualquer público, tão pouco dentro do subgênero “terrir”, surgido pelas produções adolescentes dos anos 90. Às vezes, pega mais pesado do que Madrugada dos Mortos e Extermínio (homenageado no final do filme) e a fronteira entre rir e chocar é ínfima. Mas não dá para deixar de assistir, pois se o grupo Monte Phyton deixou herdeiros, eles são Edgar Wright e Simon Pegg. E, por fim, quanto ao título brasileiro, não teria ficado melhor Mortos de Rir?