Posso resumir assim: o filme pertence à Eddie Murphy. São dele as melhores tiradas cômicas. Poderíamos dizer que voltou à velha forma, como em seus papéis memoráveis em 48 Horas (1982) e Um Tira da Pesada (1984), na superexposição de O Professor Aloprado (1996) e no burrinho na animação de Shrek (2001). Aqui ele representa um lutador de boxe egocêntrico que fala sempre dele na terceira pessoa. Seu pobre parceiro de aventura, Owen Wilson, fica muito longe de acompanhá-lo na naturalidade do riso. Sou Espião fracassou nas bilheterias norte-americanas, alcançando um pouco mais da metade do que custou, e as razões são bem plausíveis. É aquela velha opinião de crítico, tudo começa muito bem e acaba se perdendo num roteiro frouxo e em cenas repetitivas, tornando tudo chato até alcançar um final um pouco melhor do destino que levava o filme até então.
As belas imagens de Budapeste (Hungria) compensam de certa forma a falta de inspiração do roteiro e direção. Intercalado por cenas de ação quase infantis (não se vê nenhuma gota de sangue em todo o filme!), o humor só funciona quando Eddie Murphy aparece na tela ou quando Owen Wilson tenta usar seus brinquedinhos ultrapassados de ‘007’ e que poderiam ter explorado melhor esta idéia. Nem mesmo o ‘clone’ de Antonio Banderas serviu. Mas para quem assistiu a Showtime (2002) e não gostou, melhor sorte terá em Sou Espião.