Cr�tica sobre o filme "Sorriso de Mona Lisa, O":

Rubens Ewald Filho
Sorriso de Mona Lisa, O Por Rubens Ewald Filho
| Data: 16/07/2004

A produtora Revolution, que distribui pela Sony Columbia, está virando sinônimo de filme ruim (e de muitas comédias para adolescentes de péssima qualidade). Como seu chefe Joe Roth (antigo chefe de produção da Disney) é muito amigo de Julia Roberts, isso explica porque ela ainda faz filmes para ele. Mas é bem capaz de mudar, depois desse semi-fracasso ou decepção, uma espécie de Sociedade do Poetas Mortos passado numa escola para moças ricas, em 1953 (o ano é mal escolhido porque não é particularmente um momento de mudanças; dois anos depois já teriam mais referências, ainda assim já existia Marlon Brando, Arthur Miller, Tenessee Williams, o que poderia tirar aquelas garotas do torpor criativo, ou seja, algo já começava a mudar na sociedade americana, inclusive o rock-n’-roll estava prestes a ser criado).

É difícil dizer o que rolou errado, porque o filme tinha tudo de interessante, já que ao lado de Julia, o filme trazia três das mais talentosas jovens atrizes de Hollywood: Kirsten Durnst, Maggie Gyllenhall e Julie Stiles (nenhuma delas deixa maior impressão, porque os personagens são mal construídos e delineados: o de Kirsten é o melhor, mas acaba virando vilã, quase caricata). Na verdade, também a figura da professora de história da arte, idealista, que vai dar aula numa escola exclusiva (a mais fechada do país) também é mal caracterizada (por que ela termina com o antigo namorado? Teve realmente caso com William Holden? Por que aquele romance mal explicado com o garanhão local, Dominic West, quando nem serve para ser conflito com a aluna com quem ele transava antes?).

Ou seja, o roteiro é péssimo, o diretor Mike Newell (que fez coisa boas como Quatro Casamentos e Um Funeral) não foge da mediocridade e o filme resulta morno. Há absurdos de vários tipos, desde alunas que na primeira aula já sabem todo o livro de cor, quanto o fato da enfermeira (Juliet Stevenson) ter perdido sua companheira lésbica e o fato ser referido totalmente de passagem, e todo mundo achando normal. Até mesmo como retrato de época o filme deixa a desejar, enquanto a relação com o quadro da Mona Lisa é forçada com o uso da canção e referências a Da Vinci, mas no fundo tem muito pouco a ver, tanto com Julia (que tem uma boca enorme, imensa e nada como a do quadro) quanto com o personagem.