Foi o filme mais premiado pelos críticos americanos este ano e visto na Mostra Internacional de São Paulo, sem maior repercussão. E realmente não é nenhuma maravilha. Apenas uma boa história, bem contada, com bastante humor comprovando o talento do diretor Alexander Payne (Eleição, Ruth em Questão e About Schimdt, com Jack Nicholson). Vai ver estavam se desculpando por não consagrarem Schimdt como este merecia. Payne é dos poucos que ainda faz fitas humanas, sobre personagens com certa verdade (em geral fazendo algum tipo de viagem). Aqui é um escritor frustrado (Paul Giamatti) que sai pela região dos vinhos da Califórnia, junto com um velho amigo de faculdade, um ator que agora vai se casar (Thomas Haden Church, do seriado Wings) dali a uma semana. Como este quer aproveitar a vida, acabam se envolvendo com duas garotas da região, Haden com uma chinesa, Sandra Oh (excelente comediante como demonstrou em Sob o Sol da Toscana e, não por acaso, mulher do diretor). E Paul com uma recém-divorciada bom caráter (a veterana de fitas de ação e terror como Candyman, Virginia Madsen).
O filme é apenas isso, pouca coisa mais acontece. Haden se mete em confusões, Paul sofre (o livro foi rejeitado, a ex-mulher se casou de novo), até uma conclusão satisfatória. Por que tanta premiação, francamente não dá para entender. Inclusive para os atores, que fazem muito pouco, principalmente Madsen e Church (que também têm sido premiados, sem a menor razão). O único que segura o filme é Giamatti, veterano coadjuvante de muitos filmes (O Anti-Herói Americano, Confidence). Eu tenho que confessar que tive um problema com ele. O sujeito é meio careca, usa uma barba parecida com a minha, é gordinho e de perfil fica muito parecido comigo. Piorado, sem dúvida (ao menos eu acho), mas certamente me perturbou a avaliação; bem que tentei, mas não consegui me identificar com ele. Como posso torcer para que ganhe o Globo de Ouro um sujeito de quem posso virar sósia? Como um novo Pavarotti? Nesses dilemas de crítico ninguém nunca pensa.