Crítica sobre o filme "Sexo por Compaixão":

Marco Esteves
Sexo por Compaixão Por Marco Esteves
| Data: 03/08/2004

A diretora estreante Laura Maná (que neste caso também atua como roteirista), fez um filme que lembra em alguns momentos o gênio Buñuel. O trabalho é belo, a fotografia é primorosa e o realismo mágico do filme conquistou diversos prêmios nos festivais de Sundance, Málaga e Toronto. O filme explora, até com certo cinismo, o machismo do homem latino. Mas não deixa de encarar com bom humor as reflexões sobre a vida e satirizar a sociedade e a igreja, que teimam em classificar o que é certo ou errado, o que é pecado ou não. A personagem vivida por Elizabeth Margoni é deixada pelo marido devido à sua bondade, não encontra o alento necessário na igreja e acaba se prostituindo. Péssimo? Não nesta fábula, já que a cidade inteira ganha vida e cores a partir desse instante, pois todos continuam vendo Dolores como uma pessoa bondosa e, sem dúvida, com a melhor das intenções. O problema é que seu marido retorna à vila, e ninguém sabe qual será sua reação quando descobrir a transformação pela qual passou sua mulher. O excesso de subtramas confunde um pouco, mas não tira a beleza do filme.