Crítica sobre o filme "Pollock":

Saulo L. Jr
Pollock Por Saulo L. Jr
| Data: 15/08/2001

A estréia de Ed Harris na direção de filmes começou bem, muito bem. Vencedor do Globo de Ouro e indicado ao Prêmio da Academia como melhor ator, além de dirigir, Ed Harris interpreta o personagem principal deste drama que narra a ascendência e queda de um dos grandes pintores do século XX.

Jackson Pollock é um homem com sérios problemas de convivência, alcoólatra e com fortes crises de depressão intercalada com momento de instabilidade emocional. Apesar disso, revelou-se por longo período o pintor mais criativo e enérgico dos Estados Unidos e do mundo do expressionismo ("action painting").

O filme teve estréia simultânea nos cinemas, em vídeo e DVD neste mês, embora não muito reconhecido pelo público em geral, pois que história, efetivamente, não possui muito poder de venda ou comercialidade. O grande pecado deste obra do cinema foi dar ênfase no lado ruim do grande pintor, prendendo a atenção mais no seu lado instável, no seu alcoolismo, do que na sua genialidade e criatividade na pintura, o que, de certa forma, faz crer ao espectador que ele seria um sujeito mais problemático do que genial, o que não é verdade.

Vale deter-se nas cenas em que ele se estagna diante de um imenso painel branco, tentando imaginar como e o que deve nele inserir. O processo de pintura naquela ora desenvolvida é de deixar qualquer um louco. De igual forma, quando ele percebe acidentalmente que a tinta livre, caindo sobre a tela, pode dar ensejo a grandes trabalhos, exatamente no momento de criação de um dos movimento do expressionismo ("action painting").

Para quem não sabe, o expressionismo abstrato foi o primeiro movimento originado nos Estados Unidos da América. Sob esta designação podem ser agrupadas várias correntes com preocupações distintas, ou seja, a "pintura gestual", também conhecida por "action painting", originada e desenvolvida inicialmente por Pollock; o "surrealismo", onde o expoentes maiores foram Motherwell, no início de sua carreira, e Cy Twombly; bem como a "color fields", inspirada na emotividade dos efeitos provocados pelas cores, onde se destacou Mark Rothko.

Um filme para quem admira arte, em qualquer das suas formas, imperdível.