Ao vasculhar os lançamentos em DVD, o espectador pode reencontrar suas velhas questões cinematográficas, pode recolocar na memória Piratas (Pirates; 1985), uma realização malfadada do polonês Roman Polanski. Rever Piratas, detestado há tantos anos, confirma a velha frustração cinematográfica. A narrativa de Polanski começa e termina com o clima de absurdo marítimo de A faca na água (1962), o primeiro filme realizado pelo diretor.
Mas desenvolve-se à sombra do estilo satírico de que A dança dos vampiros (1967) é um exemplar mais bem sucedido. Por cerca de duas horas as aventuras e as desventuras cômicas do pirata vivido por Walter Mathau (recentemente falecido) e de seu aprendiz arrastam-se meio atabalhoadamente. A ironia de Polanski para os filmes de piratas é evidente, mas falta peso a seu celulóide para transformá-lo em algo que mereça o olhar do observador. Piratas é na verdade um destes recreios a que Polanski se entregou, antes de produzir uma obra extraordinária como o recente O pianista (2002), atual sucesso dos cinemas brasileiros.