Crítica sobre o filme "Náufrago":

Marcelo Hugo da Rocha
Náufrago Por Marcelo Hugo da Rocha
| Data: 10/10/2001

Quando apareceram os créditos finais, fiquei pensando sobre a carreira de TOM Hanks, pelo menos é isto que me lembro. De um ator comum de comédias com gosto bem duvidoso, passando pelo querido QUERO SER GRANDE (1988) até chegar em FILADÉLFIA (1993), seu primeiro Oscar, e FORREST GUMP (1994), o seu segundo, TOM transformou-se no mais premiado intérprete da nova geração, além de conceituado, é claro. Até as comédias românticas, que vem intercalando papéis mais complicados, ficam ótimas com ele. Em NÁUFRAGO, a responsabilidade era muito grande, apesar da inexistência de coadjuvantes para quaisquer comparações. Um ator que não consegue se destacar num (quase) monólogo, tem que desistir da carreira. Se uma carreira é cercada por muita sorte, este filme elimina alguma dúvida se existia sobre o talento de TOM. É claro, que um Oscar seria exagero, ainda mais concorrendo com Russel Crowe por GLADIADOR...

Poderia-se pensar que o filme seria chato, por ser longo e pela ausência de outros personagens. Também se falou que grande parte do filme não tinha "fundo" musical. Mas não tem nada disso: o filme é belo e nem percebe-se o tempo passar. A queda do avião foi muito bem feita, uma das melhores reproduzidas no cinema (a melhor, sem dúvida alguma é de PREMONIÇÃO). A sobrevivência do personagem de TOM na ilha deserta é muito real, desde abrir um coco até fazer fogo. E todo este desenvolvimento lembra demais como deve ter acontecido com o homem pré-histórico. Como simples coisas não damos a importância devida, como uma caixa de palitos de fósforo. Ou um abridor de lata. Estas são as conclusões óbvias da "mensagem" que o filme quer deixar. E as menos evidentes, das coisas que damos excesso de valor, como o horário. O personagem de TOM é um cara que vive sob a rigorosa pontualidade da FedEx, e de uma hora para outra, a única preocupação é sobreviver despojado de qualquer recurso material.

NÁUFRAGO é um filme emocionante, principalmente, pelas questões humanas levadas à tela, como o envolvimento de WILSON, uma bola de vôlei, com TOM. O ser humano não consegue viver sozinho, e sabemos que Deus fez Eva para acompanhar àquele quem deu o nome de Adão. Também como sabemos que o filme não levou nenhum Oscar (concorria a melhor ator e som apenas), apesar do Globo de Ouro de melhor ator de drama e o prêmio para WILSON (isto mesmo) como melhor objeto inanimado pela Broadcast Film Critics Association Awards - BFCA Award. Enfim, NÁUFRAGO é daquelas produções atípicas que devem ser vistas e revistas, mais reais do que programas como NO LIMITE...