Além da Inglaterra, Agatha Christie costuma ambientar seus romances policiais em cenários que trazem a civilização antiga, os quais conhece com certa propriedade, pelo fato de ter sido, por muitos anos, casada com um arqueólogo e ter participado das excursões. “Morte sobre o Nilo”, justamente, inicia em uma das grandes mansões britânicas, mas mantém o cerne da história no Egito, onde a jovem e rica Linnet Ridgeway (Lois Chiles), ao casar com o encantador e mal-sucedido Simon Doyle, resolve passar sua lua-de-mel. Lá, são constantemente perseguidos por Jaqueline De Bellefort (Mia Farrow), ex-noiva do rapaz.
Outras figuras estranhas resolvem fazer a mesma viagem, entre estas, o famoso detetive Hercule Poirot, nesta película interpretado por Peter Ustinov, e longe de ser física e psicologicamente como o personagem dos livros. A considerar os demais filmes que tiveram o pequeno belga como protagonista, percebe-se que o diretor fugiu totalmente de sua caracterização, ficando a dúvida se foi propositadamente ou não. Bette Davis (eternizada por “A Malvada”), representa bem o papel de Marie Van Schuyler, mas sem destaque especial. Alguns personagens da obra literária não estão no filme, e outros foram criados e adaptados especialmente para este, mas sem prejudicar a idéia central.
Embora a autora tenha admitido que preferia as mortes por envenenamento às demais, esta história, de final totalmente inesperado, trouxe o revólver como “arma do crime”. Uma pena, repito, que as características do herói principal não tenham sido perfeitamente observadas.