Crítica sobre o filme "Meu Nome É Coogan":

Eron Duarte Fagundes
Meu Nome É Coogan Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 01/05/2003

Ao vasculhar os lançamentos em DVD, o espectador pode reencontrar suas velhas questões cinematográficas, o melhor do cinema do norte-americano Donald Siegel, dando com Meu nome é Coogan (Coogan’s bluff; 1968). Siegel é um destes raros realizadores americanos que atingiu um padrão clássico de filmar muito pessoal. A linguagem cinematográfica de Meu nome é Coogan é única e revela como um cineasta-autor é capaz de utilizar os clichês da indústria (a perseguição de moto do final do filme é, como aquele tiroteio num bar em O último pistoleiro, 1976, igualmente de Siegel, um exemplo de invenção fílmica em cima do trivial) de maneira plasticamente sedutora e com uma profundidade que se não é a européia, ao menos se coloca muito à frente da mesmice da Hollywood de hoje.

Siegel é um diretor hollywoodiano clássico, afeiçoado aos filmes de gênero, como o western e o policial. Em Meu nome é Coogan ele envereda pelos mitos do faroeste; a execução cinematográfica vai dar num neo-faroeste, capaz de sobreviver aos anos, pois a análise do xerife caipira de Arizona que chega a Nova Iorque em busca dum prisioneiro perigoso permite confrontar um assunto sempre atual –o ruralismo e o urbanismo segundo a ótica ianque. Clint Eastwood, jovem e ainda sem os trejeitos de estrela que os anos lhe deram, está bem adequado ao papel do protagonista, em torno do qual desfila o universo da lei (policiais, incluindo uma bela mulher com quem ele se envolve) e da marginalidade (vai aí a louca fêmea do bandido, que acaba por seduzir a personagem de Eastwood)