Crítica sobre o filme "Lance de Sorte":

Marco Esteves
Lance de Sorte Por Marco Esteves
| Data: 10/06/2004

O bom ladrão - como indica o título original - é um sujeito amigo de todos, inclusive do detetive vivido por Tchéky Karyo. Vive numa Nice cheia de clubes noturnos, larápios de todo tipo e prostitutas. É nesse clima que ele e os amigos começam a planejar o assalto ao cassino de Monte Carlo. O filme do diretor irlandês Neil Jordan, que já provou sua competência em sua filmografia (este é seu 13º trabalho), é o que poderia chamar-se de world movie - caso existisse essa categoria - a exemplo do que ocorre na música. Ele se passa na Riviera Francesa, é falado em inglês e conta com atores de inúmeras nacionalidades. Mas vamos ao que interessa: refilmagem do francês “Bob le Flambeur”, de Jean Pierre Melville, precursor da Nouvelle Vague francesa, onde despontariam depois Truffaut e Godard, este é o filme mais leve de Neil Jordan. Talvez por isso ele preferiu fazer um trabalho totalmente centrado no personagem principal, e dependente do ator que o interpreta, Nolte. Na realidade, Lance de Sorte parece mais uma sátira sobre filmes de assaltos do que propriamente uma aventura de ação. Tem-se a impressão de que Jordan quis ironizar esse tipo de filme. Em determinados momentos, ele parece mais uma versão junkie de Onze homens e um segredo, pois aqui não existem os ladrões de rosto bonito. Para quem acompanha a carreira de Neil Jordan, Lance de Sorte pode ser considerado um filme despretensioso. Realmente é. Mas também é uma boa diversão.