Nunca tinha ouvido falar antes nesta comédia do diretor John McNaughton, revelado como documentarista (Retrato de um Assassino) e que nunca deu muito certo na ficção (Uma Mulher para Dois, com Bill Murray e Robert DeNiro, Garotas Selvagens com Matt Dillon). A princípio assusta um pouco, começando já no clímax da história, em pleno clímax de farsa, ou chanchada se preferirem.

Parece tudo exagerado. Mas felizmente vem os flash-backs e vai se construindo a divertida história inventada pelo roteirista Gary Tieche (que é diretor de fotografia de profissão, mas escreveu também Os Primeiros Vinte Milhões). É difícil recomendar comédia, ainda mais erótica. Todas elas ainda carregam o estigma da antiga porno-chanchada, como se fosse errado rir de nossas mazelas sexuais. Mas esta tem realmente vários achados. Começando pelo elenco que é muito bom. Mas sentem-se na obrigação de tropeçar em móveis, fazer caretas, para deixar claro que estão interpretando humor. Menos, é claro, Bill Murray, que usa sua cara-de-pau, sua medida discrição, com espetacular resultado. O infeliz herói é James Spader, que comete o erro de seduzir uma jovem (Melora Walters), que veio consultá-lo porque está tendo problemas no casamento (o marido ficou impotente. Mas o filme é de antes do Viagra). Os dois transam no elevador, mas isso deixa a psiquiatra dela (Lara Flynn Boyle) indignada, e esta resolve levar o caso até o Conselho da Profissão para eventual processo. Bill faz o advogado que defende Spader, nunca perdeu um caso, mas nem por isso deixa de ser um cavalheiro, em particular com a advogada de Lara, feita por outra mestre da comédia, Catherine O´Hara (a mãe de Esqueceram de Mim).

Uma das melhores piadas é o fato de todos ficarem excitados com o depoimento da heroína, que depois será comercializado como fita erótica!

O final cai na tradicional perseguição com tiroteio. Mas isso não chega a estragar o filme. Que é simpático e divertido e pode mesmo provocar várias gargalhadas.