Imagine-se morando em Nova Iorque. Agora, pense que você, seu marido e as crianças, têm que se mudar para “Stepford”, onde vivem meia dúzia de vizinhos e que sua chegada se torna manchete do jornal local. Até aí, dois ou três antidepressivos resolveriam o problema, se seu marido não resolvesse entrar para o Clube de Homens da cidade e se suas atitudes não passassem a ser um tanto quanto sombrias.
O fato de as mulheres parecerem perfeitas donas-de-casa e mães de família é o que mais causa estranheza, pois não é possível que alguém se contente com uma vida tão pouco inspiradora. É por isso que Joanna (Katharine Ross) e sua recém-amiga Bobby (Paula Prentiss) procuram explicações para os gestos autômatos de suas conterrâneas, incentivando-as, sem sucesso, a unirem-se contra tamanha melancolia.
Este filme é um suspense que pode ser interpretado de duas formas: pelos homens, como uma resposta ao movimento feminista que tomou força na década de 70, mostrando que poderiam moldar as mulheres da maneira que quisessem; pelas mulheres, como uma crítica ao homem dominador, incapaz de aceitar a independência de sua esposa, preferindo ter um objeto a um ser pensante.
O certo é que, só por saber que o enredo é baseado no livro do mesmo autor de “O Bebê de Rosemary”, desperta aflição. Porém, o resultado final não chega a tanto, pois o medo fica contido por uma direção frouxa e por transgressões no roteiro que cedem para uma dramaticidade não desejada. A trilha sonora também não colabora, repetida do começo ao fim, com acordes mais dissonantes quando a cena sugere tensão.
Numa releitura mais branda, Nicole Kidman estrelou este ano – 2004 – nos cinemas uma versão comédia, titulada como “Mulheres Perfeitas”.