Encontros e desencontros (Lost in translation; 2003), o segundo filme dirigido por Sofia Coppola, busca sua estranheza de intenções ao acompanhar os caminhos que se cruzam de um cinqüentão que está no Japão para atuar em comerciais e de uma garota de vinte anos que ali veio em virtude da atividade profissional de seu jovem esposo; numa Tóquio que lhes parece incomunicável, as personagens aproveitam seus encontros para preencher certos vazios interiores, certas ausências de perspectivas pessoais.
Apesar de seu rigor formal e da sinceridade que emana das situações (Sofia ter-se-ia inspirado em sua própria crise de vinte anos para escrever o roteiro do filme), a cineasta não reedita a inquietação de As virgens suicidas (1999), sua obra de estréia. A narrativa de Sofia tem no desempenho de Bill Murray seu correspondente perfeito: tudo é muito apático, sem sangue, não adianta o risível diretor japonês de comerciais exigir intensidade interpretativo, de Bill só sai aquela cara de bobo para americano ver. A cusiosa Scarlett Johansson igualmente não salva sua criatura dos clichês impostos pela indústria.
É pena que Sofia resvale. Tecnicamente ela é, como seu pai, Francis Ford Coppola, uma boa diretora.