Crítica sobre o filme "Casamento de Maria Braun, O":

Carlos Motta
Casamento de Maria Braun, O Por Carlos Motta
| Data: 16/04/2004

O filme que consagrou internacionalmente o genial cineasta de Petra Von Kant, foi grande sucesso na Alemanha e nos Estados Unidos e a par de uma alegoria sobre a evolução social e industrial da Alemanha pós cinzas da guerra, é também uma história de amor. Hanna Schygulla é Maria, mulher casada com um soldado que foi dado como desaparecido em combate que torna-se uma bem-sucedida e importante mulher de negócios. Ela foi empregada e depois sócia de um industrial, Karl Oswald, e simboliza o milagre econômico alemão, num equivalente ao mito do sucesso na sociedade norte-americana (o que explicaria o sucesso lá). Como a Alemanha que nasceu das cinzas, quando o marido é dado como desaparecido, ela começa a reorganizar sua vida. Está absolutamente certa de sua volta e todos os dias, quando um trem de prisioneiros de guerra, vai à estação, carregando nas costas um cartaz com o nome dele. Sobrevive graças ao mercado negro e torna-se atração de um bar reservado aos praçinhas norte-americanos. Fassbinder não despreza os recursos folhetinescos da velha dramaturgia .Depois de uma reviravolta trava conhecimento com o industrial, que veio retomar sua indústria, confiscada pelos nazistas. Não é demais dizer que de repente, o marido reaparece. O amor de Maria por ele é posto à prova, até um final inesperado, literalmente explosivo, que deixa uma questão no ar. O filme de Fassbinder, embora visto pela maioria como um drama, possui um humor irônico, sutil. Ou corrosivo, como no cômico bombardeio do cartório de registro civil no comêço e o desfile de fotografias de chanceleres no final.