Crítica sobre o filme "Alfaiate do Panamá, O":

Marcelo Hugo da Rocha
Alfaiate do Panamá, O Por Marcelo Hugo da Rocha
| Data: 13/06/2001

 Interessante filme da filmografia do diretor inglês JOHN BOORMAN, realizador de ESPERANÇA E GLÓRIA (87) e AMARGO PESADELO (72), como também do ator GEOFFREY RUSH, da qual estamos acostumados em vê-lo em papéis mais "sérios". Na verdade, gostei mesmo em ver PIERCE BROSNAN num personagem bem sem escrúpulos, diferente do gentleman de James Bond. Segue que é uma atípica produção de espionagem, que se perde em algumas questões políticas, enrolada em diversos momentos e quase nula ação. Porém o divertimento é garantido pelas mentiras que se desencadeiam até quando se torna inevitável a armação dos protagonistas.

Há muitas críticas quanto ao desejo protecionista (ou seria intervencionista) americana em países do terceiro mundo, como o Panamá. Carrões importados contrastam com as imagens de pobreza do país, além da prostituição e do folclore exótico do povo sul-americano (para os conterrâneos do Tio Sam verem). Incluem aí as falcatruas e jogo de interesses do baixo escalão do governo americano e britânico (!!!). O filme é baseado no livro de John Le Carré, adaptado por um dos diretores do time de contestadores da política externa americana (liderados por Oliver Stone) - que acabou sendo indicado ao Urso de Ouro de Berlim pela direção, que ainda tem O GENERAL (98), INFERNO NO PACÍFICO (68), MUITO ALÉM DE RANGUN (95) e EXCALIBUR (81) em sua filmografia.

Para finalizar, creio que a censura de "14 anos" (indicada no DVD) é prematura, uma vez que há excesso de cenas de sexo, mesmo que indiretamente (como a bela seqüência da dança e a boa tirada na conversa entre Rush e Brosnan num prostíbulo com uma cena de sexo bem ao fundo). E outros detalhes devem ser ditos para não passar desapercebido: a voz de Caetano Veloso cantando em inglês ("Let´s face the music & dance") e o erro grave constatado por volta de 1h34min (facilmente perceptível com o engenho do DVD) quando o morto abre as mãos voluntariamente para serem repousadas no peito...(mérito ao meu pai quem percebeu)...