A metalinguagem utilizada pelo diretor Spike Jonze em Adaptação já foi utilizada nas telas por mestres como Fellini (8 ½) e Truffaut (A Noite Americana), e mais recentemente pelos irmãos Cohen no excelente Barton Fink. O filme de Jonze mantém o alto nível dessas obras, e a idéia de incluir o roteirista Charlie Kaufman como personagem principal é verdadeiramente original. Poucos se propõe a trabalhos desse tipo, principalmente no cinema americano. Mas Jonze merece todo o crédito. Se sua estréia com Being John Malkovitch (Quero Ser John Malkovitch) foi um sucesso, Adaptação mantém o mesmo nível, e até supera as expectativas. Nicolas Cage - que alterna bons papéis com trabalhos medíocres - está ótimo como o roteirista que não consegue dar vida ao romance, e também como o irmão gêmeo que quer trilhar a mesma profissão. Meryl Streep mantém o nível de sempre como a escritora e Chris Cooper, conhecido por trabalhos secundários no cinema, ganhou merecidamente o Oscar de Ator Coadjuvante por viver o papel do “ladrão de orquídeas” John Laroche. O filme foi indicado a diversos prêmios e colecionou ainda alguns Globos de Ouro (melhor ator coadjuvante e melhor atriz).