Nem mesmo os mais otimistas esperavam que este segundo Piratas do Caribe fosse nos Estados Unidos um sucesso tão espetacular que derrubou o Superman e se tornou o blockbuster do atual verão (batendo até Homem Aranha). Ainda mais quando a critica fez algumas restrições e o filme tem bastante violência, de tal forma que é quase uma aventura de terror (se bem que brincar com esqueletos e cenas sanguinolentas tem significado diferente na terra do Halloween). Rodado simultaneamente com a terceira parte (que se anuncia aqui, At the World´s End), a não ser por algumas poucas cenas que faltam (inclusive aquela em que Depp deseja que Keith Richards do Rolling Stone faça seu pai), o filme reúne basicamente a mesma equipe incluindo Geoffrey Rush que não aparece nos letreiros (mas o tempo todo fiquei achando que era ele quem interpretava o pai do herói Will Turner quando na verdade era o sueco e muito bom ator Stellan Skasgaard).
Mas os defeitos do filme são claros: por vezes fica arrastado e aborrecido, resultando longo demais. É excessivamente violento para o que pretende e muita gente depois de assisti-lo ficará um bom tempo sem querer comer mariscos ou crustáceos (porque os piratas fantasmas do grupo de Davy Jones, o Holandês Voador, ficam todos recobertos de ostras e coisas que tal parecendo mais personagens do Bob Esponja). Mas muitas cenas são espetaculares, há um vilão memorável (Davy tem o rosto de um polvo, o que resulta impressionante) e não falta senso de humor. Embora Keira (Elizabeth Swan) faça pouca coisa diante do seu atual status de estrela (o filme começa com ela mas só do meio para fim ela entra na trama), Orlando Bloom deve ter exigido uma participação mais ativa e masculina (acaba entrando nas duas cenas de ação com rodas, ambas memoráveis).
Naturalmente o filme continua a ser de Depp, que retorna como o Capitão John Sparrow, que agora tenta fugir de uma divida de morte com o Holandês ao mesmo tempo que tenta impedir a destruição de sua bem amada Perola Negra. Novamente cheio de trejeitos, no entanto não se confirma a suspeita de gostar de rapazinhos (ele recusa quando pensa que Keira é um rapaz disfarçado). Tampouco exagera na caricatura e no exagero conseguindo manter a dubiedade moral que torna o personagem tão interessante. Outra coisa boa: o ótimo elenco de apoio.
Ou seja, este meio de uma trilogia cumpre sua função: é divertido, tem momentos empolgantes, brilha como direção de artes e efeitos especiais e sem duvida, continua a fazer propaganda aberta da atração da Disney World que lhe inspirou (e que foi reformada agora para incluir cenas que imitam o filme). É uma sinergia empresarial aproveitando uma franquia que ainda vai render muitos milhões.