Crítica sobre o filme "Harry Potter e o Cálice de Fogo":

Rubens Ewald Filho
Harry Potter e o Cálice de Fogo Por Rubens Ewald Filho
| Data: 20/10/2005

Até agora ainda não entendi porque os críticos cismaram de achar que o filme anterior da série, O Prisioneiro de Azkaban, é o melhor de todos (só porque foi feito pelo mexicano Cuaron?). Francamente, para mim, todos eles são extremamente parecidos, até porque são realizados sob o estrito controle da autora, que não permite muitas mudanças em sua história. Não há espaço para grandes vôos autorais e, por vezes, o mérito maior é do roteirista, que tem enorme dificuldade em sintetizar os livros sempre muito grandes (este novo, por exemplo, tem mais de 600 páginas). Para mim, este quarto capítulo (que estourou de bilheteria nos EUA e na Inglaterra), tem um probleminha no final, já que termina meio em baixa, sem grandes lances. Mas fora isso, o primeiro inglês a fazer uma fita da série, Newell (Quatro Casamentos e Um Funeral) não deixa a peteca cair.

Se é verdade que os efeitos especiais digitais estão se tornando banais e até excessivos, esta aventura não perde tempo com apresentações, entrando direto no assunto (deixa inclusive de mostrar os familiares de Harry), embora o importante seja o fato de que os heróis estão envelhecendo, ou seja, já viraram adolescentes (e prestem atenção aos 16 anos do menino Daniel Radcliffe (Harry Porter): ele já tem pernas peludas!).

O filme, então, tem as crises de insegurança e ciúmes, típicas da idade, principalmente por parte dos amigos, Hermione e Ron, já que todos têm suas paqueras (Harry com uma oriental, Hermione com um cossaco, tudo em nome da compreensão universal entre os bruxos). É verdade que Daniel fica meio estranho sem óculos ou tomando um banho de espuma, que pretende ser meio sensual (com uma bruxa-fantasma na banheira), mas me parece correto envelhecer junto com seu público, sem esquecer a fórmula tradicional.

A maior parte da fita é gasta com um torneio realizado na escola, com grupos de fora, e com risco de vida para os amigos e o herói (há também um jovem colega da escola, feito por um bonitão desconhecido, para agradar às meninas mais velhas). Assim Harry tem que enfrentar um dragão, depois mergulhar entre sereias, encontrar seu caminho através de um labirinto mortal, mas tem seu clímax no tão aguardado encontro com Lord Voldermont (não me decepcionei, a maquiagem de Ralph Fiennes, praticamente irreconhecível, é bem interessante - eles lhe tiraram o nariz! - e assustadora, principalmente para crianças).

O filme não dá muita chance a coadjuvantes desta vez (Miranda Richardson é uma novidade, como uma repórter metida, mas não deixa maior impressão), mas sabe contar sua trama central, alternando momentos de romance juvenil com aventura e ocasionais momentos de terror (mas menos que os anteriores). Tem gente que até o considera o melhor da série.

De qualquer forma é bom informar que a série vai bem e não decepciona.