Crítica sobre o filme "Harry Potter e a Ordem da Fênix":

Rubens Ewald Filho
Harry Potter e a Ordem da Fênix Por Rubens Ewald Filho
| Data: 18/07/2007

Tem uma coisa que eu não entendo.

Quando você vê uma serie de TV, ou uma minissérie, a primeira coisa com que eles começam é um resumo do que sucedeu no episódios anterior, para refrescar a memória. E em geral se passou apenas uma semana ou mesmo dias. No entanto, quando se faz um filme como este, a quinta aventura da série (e lançada quase dois anos depois da anterior) esperam que a gente se lembre de tudo, reconheça situações e personagens. Assim na boa. E se dão ao luxo já de começar em plena ação. Sem explicar muito. Resultado: eu fiquei meio perdido nos primeiros minutos do filme tentando relembrar exatamente porque estão tratando o herói tão mal, inclusive expulsando-o da escola, quando até onde lembrava ele tinha vencido um primeiro duelo com Lord Voldemort.

Esse é o problema deste novo filme, é meio de série, começa abruptamente e termina deixando todas as situações ainda para serem resolvidas nos dois filmes posteriores. Por outro lado parece que é o mais curto (138 minutos com letreiros) e o primeiro dirigido por um quase desconhecido vindo de telefilmes David Yates (que parece que faz também a próxima aventura, que seria o Enigma do Príncipe). Esse Yates ganhou prêmios por filmes como Sex Traffic, State of Play, e o único que vi The Girl in the Caffe, da HBO, 2005). Há duas boas razões para chamarem ele: 1) deve ser mais barato dos que outros mais famosos e o orçamento deve estar muito alto com tantos atores ingleses famosos fazendo papéis pequenos. 2) eles já sabem que não podem fazer absolutamente nada contra a vontade da autora J. K. Rowling que tem controle absoluto do resultado (Esse fato não tão espantoso assim é constatado pelo uso de fatos que proíbe a imprensa de usar o material do filme 60 dias depois de sua estréia! Será que ela já ouvir falar em pirataria?).

De qualquer forma, o filme tem uma mensagem positiva: como diz o herói para o Voldermort , “você é mau porque não tem com quem contar. Eu não, eu tenho os meus amigos e por isso que eu busco o bem!”. Ou seja, a série Potter nunca vai ser uma grande obra cinematográfica mas uma síntese tipo Seleções do Reader´s Digest , do que a autora escreveu no livro, quase como um longo comercial para ler o livro (onde obviamente tudo é mais expandido e explicado numa grande quantidade de páginas). Muito se falou do fato que o menino que faz Harry, Daniel Radcliffe apareceu pelado na montagem inglesa de Equus enquanto aqui se promove o primeiro beijo do personagem. Mas o fato é que ele não é nenhum Apolo e tudo parece jogada para esconder o fato de que todo o trio central cresceu de maneira desajeitada (e os amigos tem cada vez menos a fazer nos filmes). A garota Emma tem uma testa desproporcional e passa o filme todo com cara de contrariada. O ruivo Rupert literalmente virou figurante e também esta constrangido . Daniel tem mais cenas de emoção e medo (mas seu personagem é ingrato porque é fraco e indeciso, sempre na duvida e nem é capaz de ajudar a chinesinha que beijou, sabendo obviamente que ela foi manipulada). Já o ator, é muito baixinho, com ombros caídos e não tem maiores fôlegos a não ser um novo Mickey Rooney.

A melhor coisa deste novo Harry Potter é certamente o seu esplendido elenco formado pelo que há de melhor no teatro inglês, todos os coadjuvantes (e alguns astros) as vezes aparecendo muito pouco (como a recém chegada Helena Bonham-Carter que exagera um pouco na sua bruxa). Quem dá realmente um show e merecia uma indicação ao Oscar é Imelda Staunton (de Vera Drake), que, faz a vilã (Dolores Umbridg) que controla a escola e usa sempre cor-de-rosa. Com um eterno sorriso nos lábios, com a certeza absoluta de que faz a coisa certa, ela criou, a mais memorável vilã de toda a série.

Com esse elenco, é fácil perdoar as irrelevâncias deste novo filme, que vai preparando o caminho para o inevitável desenlace (e criando um falso suspense dando dicas de que Harry Potter poderá morrer ao final!). Ou seja, antes de ver este é melhor dar uma olhada ou revisitada no anterior em DVD. Vai tornar a experiência mais fácil.