Inicialmente devo salientar que este filme é o "impecável visualmente" do ano. Lindo, com uma fotografia magnífica, e um figurino digno vencedor do Oscar®, A Duquesa é um deleite visual. Contando a história daquela que seria a ancestral da princesa Diana, Georgiana, a Duquesa de Devonshire, o filme parte do casamento entre Georgiana (Keira Knightley) com o Duque de Devonshire (Ralph Fiennes). A partir daí, Georgiana vai experimentar a glória, a dor, o amor, mas principalmente, a solidão. Ela não é desejada pelo marido, quando faz uma única amiga, Bess (Hailey Atwell), o Duque a toma como amante, e ela infelizmente não pode viver seu amor com Grey (Dominic Cooper), pois seria linchada pelo público. Enfim, como diz algumas sinopses do filme "havia 3 pessoas em seu casamento". Sim, havia Georgiana, Bess e O Duque. Claro que a desvantagem ficava para Georgiana, que tinha que aguentar dividir a mesa das refeições com Bess, embora ambas fossem muito amigas (na verdade quem trouxe Bess para sua casa foi Georgiana, mas sem nunca imaginar o balacobaco que iria dar).Enfim, o filme é triste. Triste daqueles de a gente chorar no final. E é impossível deixar de comparar a vida de Georgiana com a vida de Diana. Ambas eram amadas pelo público, ambas sofriam com a solidão e rejeição de seus maridos, ambas tornaram-se lenda. Em uma das cenas mais tristes, a duquesa indaga a seu marido "Mas você não me ama." E ele responde "Amo sim, da forma que eu conheço o amor, eu a amo". O que deixa claro que o Duque poderia amá-la, mas de uma maneira distante e sombria, como a monarquia designava.
Sobre a parte técnica: a direção de Saul é bem inteligente. Ele, que é mais conhecido pela série "The Line of Beauty", segue a linha que Julio Medem utilizou em Os Amantes do Círculo Polar, ao mostrar as cenas como quadros de pintura, criando um aspecto artístico único. O roteiro é bom, mas nada de muito elevado. E as atuações são esforçadas. Keira dá conta do recado, mais uma vez, em um papel que é o melhor desde a sua “Elizabeth Bennet” de Orgulho e Preconceito, mas ela dá duro ao lado de Ralph Fiennes, que este ano esteve genial em seus papéis. O duque de Ralph é asqueroso, distante, entediante e prepotente. Bem diferente do seu papel em O Jardineiro Fiel, por exemplo. Hailey Atwell está linda demais, como Bess, e mostra que veio pra ficar (ela é a protagonista de Brideshead Revisited). E Dominic Cooper...bem eu confesso que não gosto dele. O acho feio, sem graça, e não é lá grandes coisas como ator. Como ele conseguiu um papel em Mamma Mia e em A Duquesa eu não sei! Gente, não falta tanto ator assim pra fazer esses papeis! Tem o Ben Barnes (Crônicas de Narnia - Príncipe Caspian), Charlie Cox (de Stardust), o Hugh Dancy (de Ao entardecer) e até o Rupert Friend (o namorado da Keira) que poderiam fazer estes papéis. Eu realmente não entendo o que dá na cabeça deste povo. Enfim... mudando de saco para mala, a direção de arte do filme é genial. Perfeita, linda, assim como a fotografia do filme, e o figurino, que para mim, este ano é imbativel. Quem foi responsável pelo figurino foi o Michael O´Connor, que trabalhou em "Miss Pettigrew vive por um dia", e que fez milagre com as roupas de A Duquesa, é tudo tão trabalhadinho, tão caprichado, que é difícil não se apaixonar por seu trabalho. A trilha de Rachel Portman é maravilhosa, mas em um ano tão disputado como este, ela acabou ficando de fora na disputa de melhor trilha no Oscar®... o que é uma pena.
De modo geral é muito bom. Chega ao coração das pessoas, é emocionante, e nos mostra o lado real de uma época magnífica, mas onde a razão e as regras deveriam dominar as emoções.