Crítica sobre o filme "Arquivo X - Eu Quero Acreditar":

Rubens Ewald Filho
Arquivo X - Eu Quero Acreditar Por Rubens Ewald Filho
| Data: 01/08/2008

Dez anos depois do primeiro longa-metragem baseado na série, e seis após o termino da série de TV (1993-2002), não parece uma data promissora para retomar os personagens, já que a série perdeu sua novidade, mesmo conservando alguns fãs fiéis; mas foi por demais imitada (até mesmo por Lost, em sua mistura de suspense/ficção-cientifica), e o puro mistério acabou se esgotando simplesmente porque mergulharam demais numa mitologia sem saída. Mesmo assim, não se esperava algo tão fraco, e porque não dizer, tão ruim quanto este filme. Daqueles que eu fiquei o tempo todo me perguntando: Será que sou eu? Será que perdi algum pedaço importante? Ou simplesmente foi tudo resolvido da maneira errada? Na verdade, não chega a ser culpa da dupla central, mas de quem escreveu o roteiro com situações tão banais, diálogos tão idiotas (está repleto de frases feitas e, de vez em quando, alguma citação ou referência a coisas da série que só meia dúzia entendem).

Mesmo assim, David Duchovny é um ator limitado, sem maior carisma, e que já provou que não serve para a tela grande. Ele, Fox Mulder, começa barbudo e foragido do FBI, vivendo escondido na casa de Scully (Gillian Armstrong, que continua bonitona, mas parece completamente passiva e indiferente. Vai ver ela leu o roteiro e sabe a bobagem que assinou). Fox recebe oferta de ser perdoado, caso ajude num caso complicado, que parece ter saído de uma das continuações de Jogos Mortais, ou ainda pior. Uma agente do FBI sumiu, aparentemente seqüestrada, e eles estão procurando-a com a ajuda Joseph Crissman (Billy Connolly), um padre pedófilo, que diz ser vidente, e que tem ajudado bastante, encontrando, logo no começo, um pedaço de braço na neve. O orçamento parece limitado (já que tem muita neve, mas pouca ação), e o script inventa dois agentes do FBI: um deles, feito por um rapper, é um idiota, e a mocinha, Amanda Peet, tem o final de toda atriz secundária em fitas do gênero. Só que o tema paranormal é inteiramente secundário e desagradável, já que temos que decidir se o padre criminoso (mas que já se castrou faz anos) tem mesmo poderes ou não, ou seja, se Deus estaria se comunicando através dele. E quando, em coisas desse tipo, colocando Deus na parada, só pode resultar em erro.

O filme basicamente é uma história de terror, no estilo gore, sobre médicos russos (!) que fazem operações para cachorros e pessoas com duas cabeças, e os vilões têm uma motivação ridícula, que parece tirada de fitinha de terror ‘C’, enquanto a heroína fica sofrendo calada, porque o hospital católico não quer que ela faça operação, com um garoto ameaçado de morte, porque a Igreja é contra o uso de células troncos (o tema, que poderia ser interessante, é mal desenvolvido, já que não querem comprar briga diretamente com os católicos ou os mais religiosos). Ou seja, um total equívoco, ainda mais clamoroso do que o de Speed Racer.