Crítica sobre o Blu-ray "Stellbook" do filme "Gladiador":

Jorge Saldanha
Gladiador Por Jorge Saldanha
| Data: 07/01/2012
GLADIADOR teve uma polêmica estreia em Blu-ray nos EUA (Paramount) e na Europa (Universal), em 2009. Era uma caprichada edição dupla, trazendo tanto a versão de cinema de 155 min. como a estendida de 171 min., e repleta de extras. Mas houve um porém: a imagem do filme foi muito criticada pelo uso de edge enhancement e, principalmente pela perda de granulação e detalhes em função do uso excessivo de DNR. A gritaria foi tanta que no ano seguinte o Blu-ray foi relançado com as mesmas características (duas versões do filme, dois discos, mesmos extras), porém com uma diferença crucial: tanto a versão de cinema como a estendida foram remasterizadas e receberam novas transferências anamórficas 1080p/AVC MPEG-4 2.35:1 que, finalmente, fizeram justiça ao filme de Ridley Scott. Na única edição lançada no Brasil em 2010 pela Universal, felizmente já foram empregadas as novas transferências, mas por outro lado ela perdeu todo o disco de extras. A edição que utilizamos para esta resenha foi o bonito steelbook remasterizado francês, que diferentemente do steel britânico é remasterizado, e como as demais edições lançadas na Europa traz dois BD-50Gb e opções de áudio e legendas em português do Brasil.

Não posso julgar a edição anterior em Blu-ray de GLADIADOR por nunca tê-la visto, mas não tenho dúvidas quanto à altíssima qualidade da imagem em alta definição desta. Ela passa longe daquela aparência filtrada, digitalizada, típica de ultrapassadas transferências reaproveitadas de lançamentos prévios em DVD. Temos aqui uma experiência próxima à cinematográfica (talvez até superior), com a granulação de película intocada, excelente contraste, cores firmes e quentes (dentro do que permite a paleta empregada na fotografia), pretos fortíssimos e, acima de tudo, alto grau de detalhes finos e texturas mesmo em cenas escuras – graças ao excelente nível de shadow detail. EE, DNR e artefatos digitais foram simplesmente banidos. O olhar mais atento perceberá, aqui e ali, alguns pontos brancos inerentes à master empregada, mas de resto a apresentação visual deste relançamento em Blu-ray é praticamente de referência.

Já o áudio original em inglês DTS-HD MA 5.1 trará vários momentos de empolgação aos adeptos das melhores mixagens lossless do formato. Já a partir das primeiras notas da trilha sonora assinada por Hans Zimmer e Lisa Gerrard, a extrema fidelidade do que ouvimos é um indicativo de sua qualidade superior. É uma faixa límpida, bem equilibrada e com graves potentes (ainda que não tanto quanto os de trilhas mais recentes), que explode em envolvimento nas sequências de ação e dá sutis toques ambientais nas mais íntimas. A separação dos canais frontais é excelente, e os surround, em uma situação ou outra, são empregados quase todo o tempo. A pureza sonora é tanta que cada tipo de som – flechas voando, atrito de metais, carne humana (!) sendo cortada em batalha, o rugido das multidões no Coliseu -, é ouvido em detalhes. Quando presentes os diálogos se impõem, trazendo todas as nuances dos timbres característicos dos atores. Entre as várias opções de áudio temos nossa dublagem em português em DTS 5.1. O português do Brasil também se faz presente entre as muitas legendas (e menus) disponíveis.