Por Jorge Saldanha
| Data: 31/03/2011
Após um inÃcio em que as comparações com ARQUIVO X e até mesmo LOST foram inevitáveis, a série de J.J. Abrams, Roberto Orci e Alex Kurtzman FRINGE (ou na tradução, FRONTEIRAS), decolou em sua segunda temporada. Em seu primeiro ano ela resistiu ao teste de um público já saturado por séries repletas de enigmas intermináveis – algo que a concorrente FLASHFORWARD, por exemplo, tentou mas não conseguiu. Isso talvez porque traga o valorizado nome de Abrams na produção, mas creio que isso aconteceu principalmente porque seus mistérios não foram demasiadamente prolongados. Assim, em pouco tempo os espectadores tem os principais elementos da mitologia – o universo alternativo e, principalmente, o envolvimento de Walter (John Noble) e Peter (Joshua Jackson) com ele – bem estabelecidos.
Nessa linha, o espectador sabe (ou pensa que sabe, pelo menos) o que esperar, e seu interesse reside mais na forma como os acontecimentos irão se desenrolar (o que não elimina algumas reviravoltas e surpresas bem-vindas) e, acima de tudo, em torcer por personagens cativantes. John Noble continua roubando a cena como Walter, e nesta temporada sabemos mais do trabalho que o cientista amalucado desenvolveu com seu parceiro William Bell (Leonard Nimoy), que foi a causa maior do colapso mental que o levou a ficar internado por quase 20 anos. Quanto a Olivia (Anna Torv) e Peter, no decorrer dos episódios o relacionamento entre eles vai se solidificando, até que seu envolvimento romântico torna-se inevitável. Mas tenha certeza: essa história de amor não terá um final feliz, pelo menos na segunda temporada.
Os misteriosos Observadores (viajantes do tempo) continuam a aparecer em momentos-chave, e um dos melhores e, surpreendentemente, emotivos episódios do box acompanha a equipe tentando capturar um deles, que raptara uma moça. Mas é a paternidade de Walter, que o levou a tomar uma crucial decisão para salvar a vida de Peter quando ainda criança, a força-motriz do programa. E é ela que, nos dois episódios finais da temporada, transportará a equipe e os espectadores ao universo alternativo onde as Torres Gêmeas ainda existem e zeppelins cruzam os céus. Lá eles confrontarão suas versões alternativas mas, acima de tudo, finalmente encontrarão William Bell, que se incorporará à ação – e como é bom ver novamente Leonard Nimoy em ação, com seus (à época) 79 anos. O final, como seria de se esperar, deixa um ótimo gancho para a terceira temporada, ainda em exibição aqui e nos EUA.
Curiosamente, apesar da qualidade da série ter aumentado sua audiência diminuiu, o que levou a Fox (rede que a exibe nos EUA) a primeiramente mudar seu dia de exibição e, posteriormente, cogitar seu cancelamento. Sabiamente não o fez, já que FRINGE, a exemplo de SUPERNATURAL, acabou conquistando um público menor (para os padrões da TV aberta, bem entendido) e muito fiel. Em minha opinião isso até ajudou a série, já que sem a obrigação de agradar ao grande público os realizadores puderam soltar mais sua criatividade – como no delirante episódio “Brown Bettyâ€, que mistura musical com film noir. FRINGE é sem dúvida a melhor produção televisiva de ficção cientÃfica atualmente em produção nos EUA, e sua renovação para a quarta temporada foi um alÃvio para os fãs, que agora podem esperar um encerramento digno do programa.