Crítica sobre o filme "Sangue e Areia":

Eron Duarte Fagundes
Sangue e Areia Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 12/01/2011
Rouben Mamoulian chegou a ser um dos mais prestigiados diretores de Hollywood. Seu Sangue e areia (Blood and sand; 1941) é um dos mais referidos de sua filmografia. Mas sua visão hoje constata um envelhecimento inarredável: ao retirá-lo da prateleira do tempo, o espectador verificará que há pó incrustado que não sairá com esfregão ou qualquer outra técnica de limpeza desta época digital.

Sangue e areia tem todos os defeitos de espetáculo épico de El Cid (1961), a obra-prima do americano Anthony Mann: a falta de estofo histórico, o melodrama banal, as facilidades de paparicação do público de seu tempo. Mas falta a Mamoulian a grandeza formal de Mann, seu esplendor de encenação. O que sobra em Sangue e areia é uma visão moral contristada típica de Hollywood, que fraciona a reflexão e torna as relações humanas piegas.

A história de ascensão e queda dum toureiro espanhol desde a infância — sua paixão por uma garotinha com quem vem a casar, sua perdição diante duma dama frívola do meio social dos toureiros, sua convivência com um famoso crítico de touradas — parte dum romance do espanhol Vicente Blasco Ibañez, filmado em 1922 com Rudolph Valentino no papel central. No filme de Mamoulian é Tyrone Power (canastrão a mais não poder!) quem interpreta o toureiro. Linda Dornell é quem vive sua amada esposa. Rita Hayworth encorpa a dama fatal. E Anthony Quinn (meio desajeitado) é a pele do novo toureiro que no final sucede à decadência do toureiro Juanillo.

Desajeitado é bem um adjetivo que caba à narrativa como um todo. (Eron Fagundes)