Crítica sobre o filme "Segredo dos Seus Olhos, O":

Viviana Ferreira
Segredo dos Seus Olhos, O Por Viviana Ferreira
| Data: 27/09/2010
Quando o longa O Segredo dos Seus Olhos venceu o Oscar® de melhor filme estrangeiro sobre A Fita Branca†e O Profeta fiquei intrigada... não porque eu não confiasse no talento do diretor Juan Jose Campanella, mas sim porque os outros dois oponentes citados eram realmente muito bons. Para minha felicidade, O segredo de seus olhos não é apenas no mesmo nível, mas sim, está ainda além dos outros, com um roteiro magnífico, elenco afinado e uma direção muito bem elaborada.

O filme começa com a aposentadoria de Benjamin (Ricardo Darin), escrivão de uma das varas penais do fórum de Buenos Aires, que retoma a investigação de um crime ocorrido há anos atrás e que nunca fora resolvido, ele resolve então, ir à fundo nas investigações, tendo Irene (Soledad Villamil), juíza criminal, como sua grande aliada na situação, e que também é o grande amor de sua vida.

Queria eu poder falar mais da historia, mas só não o faço para não acabar com a surpresa alucinante do final. Este é um daqueles filmes que, quanto mais se souber dele, menos graça tem porque o bacana do longa é como espectador acompanhar o raciocínio do protagonista no mesmo nível que ele. E o que mais me surpreende é o fato do filme se tornar mais denso e forte ao longo de sua narrativa, algo que não é comum em muitos filmes de suspense que normalmente tem seu ritmo decaído. Deve-se dar pontos então à Campanella que consegue adaptar muito bem o livro de Eduardo Sacheri para as telas.

Além da direção e roteiro de Campanella, devo destacar Ricardo Darin mais uma vez impecável como o protagonista e Soledad como seu braço direito no longa. Pablo Rago como Morales também se destaca, e a parte técnica também merece destaque, principalmente a fotografia do brasileiro Felix Monti, que sempre emoldura as cenas com um tom amarelado deixando o aspecto das cenas com um estilo mais antigo.

O filme é de longe um dos melhores do ano passado, e é admirável como o cinema argentino consegue ser muito mais bem preparado do que o brasileiro. Longas como este mostram que quando se tem um bom roteiro bem aplicado à uma boa produção, tem-se uma obra completa e eficiente. O que hoje em dia é realmente algo muito raro. (Viviana Ferreira)