Crítica sobre o filme "Homens Que Encaravam Cabras, Os":

Rubens Ewald Filho
Homens Que Encaravam Cabras, Os Por Rubens Ewald Filho
| Data: 19/07/2010

Apesar de contar com um elenco ilustre (inclusive com Bridges, vencedor do Oscar® deste ano) e de ter sido produzida por George Clooney, esta comédia satírica não funcionou e foi rejeitada nos Estados Unidos, talvez por seu estilo de humor para poucos, bem exemplificado pelo pôster americano (que traz as caras dos astros de perfil e por último, uma cabra - com a respectiva carinha dela!). Na verdade, sátira é um gênero realmente difícil, porque está dizendo exatamente o oposto do que fala, supõe um espectador muito informado e inteligente - o que nem sempre é o caso - e, no máximo, pode produzir alguns risos de lado, pigarros, mas nunca gargalhadas.

Pela caracterização de Clooney, já dá para entender o que pretendem. Ele está de bigode e cabelo comprido, porque nesta unidade militar aceitam-se essas variantes. Aliás, esta é a estreia na direção do roteirista de Clooney em Boa Noite e Boa Sorte e, por isso, não é de se admirar que ele não tenha conseguido o tom certo para um projeto tão diferente. Segundo os produtores, a unidade militar descrita no filme realmente existiu e, entre outras atividades excêntricas, tinha de ficar encarando as cabras (ou bodes?) na esperança de fazer o coração deles parar(!). São histórias paralelas que se unem antes do final. Um jornalista, vivido por Ewan McGregor, que vai para o Iraque depois do fim do casamento, mas que descobre o New Earth Army, uma unidade experimental, centrada em parapsicologia e que é dirigida por um veterano do Vietnã, Bill Django (Bridges). Ela é comandada por um general ainda mais excêntrico (Lang, de Avatar). A experiência mistura um pouco de tudo: budismo,panteísmo, militarismo, hippismo à la New Age...

Claro que é ridículo, mas eles levam tudo a sério, deixando o expectador, por vezes, meio perdido. Ou seja, uma ideia boa que não conseguiu ser bem transposta para o cinema. Que é mais engraçada quando se pensa nela do que quando assistimos o filme. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos. Rubens tem um blog no portal R7)