Por Viviana Ferreira
| Data: 13/07/2010
Não se pode deixar de registrar as semelhanças de intenções e tema de Um sonho possÃvel (The blind side; 2009), dirigido por John Lee Hancock e que parece feito para o estrelismo meia-boca da atriz americana Sandra Bullokc, com Preciosa (2009), rodado por Lee Daniels também nos Estados Unidos e que é um dos destaques da atual temporada de cinema por aqui. O que a realização de Hancock e Sandra perseguem é um romantismo piegas e pequeno-burguês para observar os abissais problemas sociais trazidos pela personagem central, um gordo adolescente negro adotado por uma famÃlia de classe média alta americana; se Preciosa desglamuriza inteiramente sua personagem, uma jovem negra gorda estuprada pelo próprio pai com quem teve filhos, Um sonho possÃvel mantém a limpeza hollywoodiana caracterÃstica e mesmo quando a criatura vai a seu meio social perigoso e sujo resolve tudo como se se tratasse duma produção aventuresca de Hollywood, onde o herói nunca se machuca.
Se Lee Daniels trata sua garota como uma pessoa comum, facilmente tocada pelas dores do mundo, Hancock se esforça por converter seu talentoso jogador de futebol americano num super-herói dos tempos atuais, tão difÃceis na economia americana e mundial; é nas diferenças de pontos de vista, que gera divergentes opções formais, que o espectador deverá optar entre uma visão fácil e não-crÃtica (Um sonho possÃvel) e uma reflexão mais aguda e autêntica (Preciosa). Sabe-se que Daniels se inspirou algum tanto no longÃnquo neorrealismo italiano. Não é o caso de Um sonho possÃvel, que, partindo duma história real, a abastarda, a simplifica, a deforma por uma fantasia artificial. (Eron Fagundes)
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Quando Sandra Bullock aceitou seu papel em "The Blind Side" (que no Brasil ganhou o nome pÃfio de Um Sonho Possivel), acredito que ela não imaginava a repercussão que este filme traria à sua carreira. Sucesso de público e crÃtica, Sandra, vista até novembro do ano passado como uma possibilidade dentre tantas outras de ser indicada ao Oscar®, não só concorreu como levou a estatueta para casa, contrariando muita gente que acreditava que Meryl Streep finalmente levaria ser terceiro Oscar® por Julie & Julia.
O filme é baseado em uma história real, a do jogador Michael Oher (vivido por Quinton Aaron) que ao ganhar uma bolsa de estudos em um colégio particular católico acaba sendo acolhido por Leigh Anne Tuohy uma dondoca de grandioso coração que transforma a vida de Michael incentivando-o sempre, principalmente para tornar-se jogador de futebol americano.
Dirigido por John Lee Hancock (de "The Rookie" e O Ãlamo) o filme é um daqueles “feel good moviesâ€, que são dramas bem intencionados, 100% esperança que agradam o público e à s vezes a crÃtica. O longa também tem bons coadjuvantes, desde o cantor country Tim Mc Graw que faz o marido de Leigh Anne até o pequenino Jae Head, que faz o filho mais novo do casal.
E Sandra? Embora não seja pra mim a melhor atuação do ano (está longe de Emily Blunt em "The young Victoria" e Yolande Moreau em "Seraphine") a atriz está ótima no longa, fazendo o papel de uma mulher que acredita no que faz e é uma leoa para com os seus filhos. O filme foi um sucesso (aliás 2009 foi um sucesso para Sandra) e por ser um papel extremamente carismático e interessante, eu não reclamo de modo algum de seu Oscar® (e nem da indicação do filme ao Oscar® de melhor filme). >
O filme em si é bem bacana e, embora seja cheio de clichês ele é um ótimo entretenimento e vale para todos conferirem Sandrinha, que está no ápice de sua carreira. (Viviana Ferreira)