Primeiramente devo afirmar que existem alguns longas que mesmo antes de vê-los já me deixam com grandes expectativas... foi o que ocorreu com "A princesa e o Sapo" longa que, pela minha grande emoção volta com a animação 2-D no bom e velho estilo da Disney (musical, com personagens carismáticos e uma princesa no papel principal). Pois bem, vamos aos fatos.
O filme é dirigido pelos meus diretores favoritos da Disney, John Musker e Ron Clements, que pra quem não sabe são praticamente os grandes responsáveis pela volta das animações ao sucesso na década de 90 (o estopim foi com "A Pequena Sereia" dirigido por eles em 89). Juntamente claro de outros nomes como Jefrey Katzenberg, Glen Keane e Don Hahn. Ron e John dirigiram "As Peripécias do Ratinho Detetive", "A Pequena Sereia", "Aladdin" (pra mim sua melhor obra e um dos melhores longas da Disney), "Hercules" e "Planeta do Tesouro" que, embora tenha sido um fracasso na época não pode ser descontado nos diretores que estavam trabalhando de modo experimental por exigência da direção da Disney na época. Por haver este tipo de experimentação os filmes 2-D acabaram perdendo força e sendo deixados de lado pelos filmes 3-D da Pixar. Apenas em 2007, quando "Encantada" trouxe de volta a magia das animações clássicas e tornou-se grande sucesso de bilheteria, é que o foco voltou para as animações tradicionais novamente.
"A Princesa e o Sapo" é um longa que vem sendo desenvolvido há um bom tempo, se não me engano desde 2003 e passou algumas transformações tanto no seu roteiro como na produção...por exemplo- o longa inicialmente iria se chamar "A Princesa-sapo" e depois acabaram sendo incluídos "e" "o" devido mudanças no roteiro. Mudou-se o vilão pelas criticas referentes ao uso de voodoo na trama. Mudou-se o compositor - antes era Alan Menken (responsável pelos maiores sucessos da Disney como "A Bela e a Fera", "Pequena Sereia" entre outros e vencedor de 8 Oscar®) que foi substituído por Randy Newman (queridinho de John Lasseter, compositor de "Toy Story" e afins) o que causou certo burburinho inicialmente (mas que depois foi justificado já que Alan foi chamado para compor a trilha de "Rapunzel" e Randy tem formação de Jazz) e até mesmo a cor do príncipe Naveen nota-se que foi um pouco escurecida (inicialmente ele era mais branco mas devido reclamações deixaram-no mais moreno). O filme é o primeiro longa a ter uma princesa negra, o que é algo muito bacana, mas segue a mesma formula de um conto de fadas. Mocinha com objetivos + romance + vilão + musicas.
Agora o que eu achei extremamente positivo foi a superação de algumas barreiras que a Disney sempre criou para si mesma nos longas- lembro-me da polemica da morte de um personagem em Pocahontas, houve grande discussão sobre o assunto. No longa, há sim a morte de um dos personagens principais e de modo bem dramático, certeiro, e isso me deixou feliz...a historia basicamente se passa no inicio do século XX em Nova Orleans que era o berço do jazz...Tiana a protagonista é uma jovem que trabalha muito duro e sonha em ter seu próprio restaurante. Ela acaba transformando-se em uma sapinha quando beija Naveen um príncipe da Maldonia que vem para Nova Orleans para aplicar o golpe do baú (já que ele está falido) e é abordado por um feiticeiro de voodoo que o transforma em sapo (e o assistente dele em príncipe) para ganhar o dinheiro. Tiana é confundida por uma princesa e acaba se metendo na enrascada e juntos eles partem para o pântano à procura de Mama Oddie, uma feiticeira voodoo que pode desfazer o feitiço. No meio do caminho eles conheceram personagens bacanérrimos como Louis, um jacaré que sonha em se tornar humano para ficar tocando jazz e Ray um vagalume adorável que é apaixonado por uma estrela. O problema é que Dr Facilier (o feiticeiro) vai atrás deles pois precisa do sangue do príncipe transformado em sapo para continuar seu plano- e a partir daí o longa toma um rumo parecido com a historia de "Anastasia" animação 2-D da Fox de 1997.
O filme é um show, divertido, inteligente, com bons personagens, mas não encanta como os outros clássicos e penso que isso se deve muito ao fato de que as musicas não são tão marcantes. O que é uma vergonha. Randy um compositor bacanérrimo que já compôs hits como "You can leave you hat on" (de Nove Semanas e Meia de Amor) não conseguir fazer musicas que grudem nos ouvidos? Eu percebo muita dificuldade dele conseguir compor uma balada (o mais próximo que ele se aproxima de uma é em "My belle evangeline" mas ainda esta longe de ser um clássico) por isso a canção de maior destaque é "When we´re human" por ter a melodia mais redondinha. E o pior de tudo é o score dele, que mais parece uma compilação de suas trilhas anteriores como "Toy Story" e "O Amor Não Tem Regras" e soa nada original. Acredito que, infelizmente houve um pouco de preguiça por parte dele.
No final das contas é um filme muito bacana, que merece ser visto pelo menos pela sua arte, e principalmente pela volta da tradição da animação. Comparando com outros longas que vi no ano, é melhor que "Ponyo", "Tá Chovendo Hamburguer" e "Up" mas não tão bom quanto "Coraline" e "Fantastico Sr Raposo". De certo modo, viva a volta dos desenhos musicais!!!!