É inacreditável que Spike Lee, com toda sua experiência, tenha feito um filme com quase três horas de projeção. Razão básica de seu enorme fracasso nos EUA, e também aqui. Até porque não chega a ser um épico, e sua história enrolada não chega a um final satisfatório. É baseado num livro de James McBride, adaptado por ele mesmo. A história dá a impressão de querer celebrar e tornar mais conhecida a participação dos negros (que faziam parte de um destacamento chamado Buffalo Soldiers) na Segunda Guerra Mundial, em particular na invasão da Itália, mas começa em 1983, quando um funcionário dos correios, Negron, que estava vendo O Mais Longo dos Dias com John Wayne na TV, relembra que esteve na Guerra e logo depois mata a tiros, e sem explicação, um sujeito que lhe pede stamps (selos) que, por acaso, é também o nome de uma pessoa. A polÃcia (Turturro) e um repórter abelhudo (Levitt) tentam investigar e a história vai para a Itália, onde tudo teria transcorrido.
Esse moço fazia parte de um grupo que estava lutando na Toscana e que, por incompetência e descaso de um oficial, acaba sendo massacrado quase todo pelos nazistas, que continuam a resistir nas montanhas. Para lá vão quatro soldados, incluindo um grandão e meio bobo, que irá proteger um menino em perigo.
Eles se envolvem com a vida dos camponeses e partisans, para tudo acabar tragicamente, mais ou menos como no clássico dos Irmãos Taviani, A Noite de São Lourenço, que era mais conciso e tocante, mesmo poético.
Spike Lee bem que tenta, mas há personagens demais, a história vai e vem, se perde em meandros e, quando chega ao clÃmax, o público já está cansado e pouco interessado. Nem mesmo esse tal milagre chega a convencer, por mais católico que se seja. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 15 de maio de 2009)