Crítica sobre o filme "Por Amor":

Rubens Ewald Filho
Por Amor Por Rubens Ewald Filho
| Data: 07/07/2009
Michelle Pfeiffer é uma das minhas atrizes favoritas. Linda, charmosa, divertidíssima e excelente atriz, mesmo em um filme onde ela se veste de galinha (sim ela se veste de galinha), eu vou continuar a amando e admirando. Em Personal Effetcs que no Brasil veio com o errôneo nome de Por Amor Michelle interpreta Linda, uma mulher que sofre pela perda do marido e, em uma das reuniões de um grupo de pessoas que perdeu entes queridos ela conhece Walter (Ashton Kutcher) que perdeu a irmã o qual fora brutalmente estuprada e assassinada. Desde então Walter tem vivido fortemente aquela dor, esquecendo da sua própria vida. Linda e Walter, ambos magoados, acabam unindo forças, e apaixonando-se um pelo outro.

A historia é basicamente essa, explorando bem a mágoa existente em Walter. E aí é que está o problema. O personagem é magnífico...e se fosse bem interpretado seria digno de Oscar (ainda mais com a Michelle dando aquela força). O grande problema é que Ashton Kutcher é um ator limitado, e embora se esforce no papel não consegue desenvolver mais do que o seu limite permite, deixando um personagem rico com cara de xoxo. Michelle, e Kathy Bates (esta faz a mãe de Walter) estão excelentes como sempre o que acaba prejudicando mais ainda a atuação de Ashton que não consegue se destacar. Vejo problemas também no roteiro, ora dramático ora bobinho, não tem um objetivo único, e jogando diálogos de modo desleixado e arrastado.

Para quem espera um romance (até porque o nome no Brasil engana) vai levar um balde de água fria pois o filme é um drama puro, podendo deixar ate os mais sensíveis deprimidos pelo seu conteúdo acizentado. Um filme que poderia ter sido ótimo mas que fica no meio do caminho. (Viviana Ferreira)

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Merecia melhor sorte este drama que, nos EUA, nem vai passar pelo grande circuito, estreando já em DVD. Uma triste sorte para Michelle Pfeiffer, quase cinqüentenária, mas ainda bela.

Se o filme tem um defeito é não ter escolhido, como ponto focal narrativo, ela e não o rapaz, mesmo porque mulher é sempre bem mais interessante do que homem, mais conflitada, mais sensível. Decisão errada do roteiro, que atrapalha o filme que tem contra si o fato de que já começa com duas tragédias, e conclui com outra. Ou seja, é tão pesado e amargo que mal serve para um romance ou choro passageiro e catártico. Mas se é difícil, não dá para dizer que é ruim.

O diretor estreante David Hollander tem um olhar particular. Narra tudo de maneira obliqua, diferente, com muitos closes e planos estilizados, até desfocados. Fecha o ciclo concluindo como começou (parece que Ashton Kutchner é o narrador); rodado em Vancouver, no Canadá, mostrando um lado feio e triste da cidade. Vamos à história: Walter (Ashton Kutchner) é um rapaz de 24 anos, que pratica o esporte de luta livre em Iowa, e voltou para casa para ajudar a mãe (a grande Kathy Bates, a melhor do elenco) a cuidar da neta, já que a irmã dele foi brutalmente estuprada e assassinada. Agora, o possível assassino está sendo julgado. Mas ele é um tipo tão travado, tão difícil de se expressar, que não consegue falar e por isso é solitário e triste (também infeliz no trabalho que faz, vestido de frango, promovendo uma lanchonete).

Linda (Michelle Pfeiffer) é uma viúva que tem um filho adolescente, que é deficiente auditivo - não ouve e não fala. Ele está traumatizado pela morte do pai, que foi assassinado na rua a tiros, por um antigo amigo, que agora também está sendo julgado num tribunal. Os dois se conhecem ao freqüentarem um grupo, que tenta ajudar familiares com problemas depois de mortes brutais. Aos poucos se aproximam, com Walter querendo ajudar o garoto, fazendo com que ele entre para o grupo de lutadores, e Linda chamando-o para sair (ela produz casamentos para o centro comunitário). E acabam tendo um romance.

Apesar da diferença de idade, não há grandes problemas. A mãe dele aceita, o rapaz deficiente gosta também dele, por isso não espere nada por esse lado. Os conflitos virão do fato da justiça, por vezes, ser cega, ou melhor dizendo, também sábia. As coisas se precipitam na conclusão de uma forma discutível, e que nem sempre podem agradar.

O problema maior é outro. Enquanto Michelle não tem muito a fazer, senão chorar ocasionalmente, Ashton, fora de seu gênero, não consegue segurar o personagem. Ensaia uma forma de andar, tenta aumentar seu porte para parecer lutador, acerta na cena de comédia, no choro no casamento mas, quando tem um grande momento dramático, é constrangedor, vira um canastrão irremediável. Derruba o filme. Ou quase.

É uma pena, mas este é daqueles filmes até curiosos, que parecem condenados ao fracasso. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 13 de abril de 2009)