Há filmes de torcida e há filmes de lenços, uma exacerbação dos clichês do cinema comercial. Noites de tormenta (Nights in rodante; 2008), dirigido pelo estreante George C. Wolfe, é um filme de lenço, que apela sem pudores para as lágrimas do espectador; um melodrama típico de Hollywood travestido de lições piegas de renovação humana. Deve ter seu público: todos os filmes têm seu público. Mas é escandalosamente pueril na maneira como lida com as emoções das personagens.
A química dos intérpretes centrais, Richard Gere e Diane Lane, funciona, carregando a narrativa para além de seus vazios limites. Gere é um médico atormentado pela fatalidade de ter uma mulher morrido em sua mesa de cirurgia; vai a um lugarejo deserto à beira-mar para falar com o viúvo e o filho da vítima duma reação alérgica à anestesia ministrada. Lane é uma dona-de-casa atormentada pelo fim dos sonhos conjugais e vai ao mesmo lugarejo deserto à beira-mar para cuidar por um fim de semana da pousada onde a criatura de Gere se hospeda. O encontro amoroso sucede e o roteiro pincela algumas transformações que este encontro provoca em cada uma das personagens, alterando suas visões de mundo; mas tudo é feito com grande superficialidade. A tormenta é tanto da natureza quanto das criaturas. E o aprendizado de Gere é sufocado pela tormenta (interior e natural), e a personagem morre: novo lance trágico e convencional para as lágrimas americanas.
Enfim, como se dizia nos velhos anos, um autêntico desperdício de celulóide.