Crítica sobre o filme "Romance":

Rubens Ewald Filho
Romance Por Rubens Ewald Filho
| Data: 20/03/2009

Como disse uma amiga minha, em seu blog, finalmente um filme que não fala de pobreza, favelas e marginalidade. Apenas uma boa história, bem contada, sem outras pretensões que não encantar e divertir. E prestar também uma homenagem ao mundo do teatro, e à vida do ator. Ou seja, um filme bom de ver, bem interpretado, onde o diretor Guel Arraes (com seu roteirista habitual, Jorge Furtado) e a produtora Paula Lavigne (seu ex - Caetano -, aparece com uma música tema já antiga) mantém seu padrão de qualidade.

É difícil não se curvar diante do magnetismo de Wagner Moura, que acerta novamente (mesmo diante do seu descontrolado desempenho no “Hamlet†teatral), na figura de um ator/diretor teatral paulistano, Pedro (o filme se passaria em São Paulo, mas foi rodado no Rio, o que dá certa esquizofrenia nos mais habitués do teatro local). Ele procura uma atriz para viver sua montagem pobre de “Tristão e Isoldaâ€, até que surge Ana (Letícia Sabatella).

Eventualmente se apaixonam, mas são separados quando aparece a chance dela fazer telenovela. Vai fica famosa (embora a televisão que eles mostrem seja de faz de conta, nada tem a ver, propositalmente, com a TV Globo; é uma coisa de limbo, onde a única figura é de um suposto chefe, feito com muita verve por José Wilker). Quem circula entre eles é a agente Andréa Beltrão (em total forma), que ajudará a produzir uma minissérie no nordeste, que Pedro irá dirigir, e será estrelada por um cara do local, não ator (só que ela armou um golpe e o escolhido é o namorado dela, o divertido e eficiente Vladimir Britcha).

Tudo se passa então nesta terra de faz de conta, onde sucedem as histórias de amor, onde rapaz encontra moça, rapaz perde moça e no final... Bom, o final é clássico, como pretende essa encantadora história de amor. Eu, muito ranzinza, impliquei um pouco com Letícia, bela e atraente, mas não apaixonante como o personagem. Mas não consegui encontrar ninguém que fizesse, neste momento e nessa faixa de idade, melhor do que ela.

Neste ano difícil para o cinema brasileiro, onde se alternaram fitas pesadas e indigestas, com outras por demais vulgares e passadistas, Romance é o meio termo desejado. Embarquei direto no filme. Tomara que o público também faça o mesmo. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 3 de fevereiro de 2009)