Crítica sobre o filme "Bicho Vai Pegar 2, O":

Wally Soares
Bicho Vai Pegar 2, O Por Wally Soares
| Data: 10/02/2009
Apesar do sucesso modesto do primeiro filme, o bem regular e fraquinho O Bicho Vai Pegar (cujas morais tortas e obsessão pela mesmice era apenas redimida pelas vozes hilariantes de Martin Lawrence e, principalmente, Ashton Kutcher, que davam uma vida a mais à animação, a tornando em momentos divertida) essa continuação foi lançada diretamente em DVD tanto no Brasil quanto nos próprios Estados Unidos. A razão é bem clara: o orçamento ta bem menor e, por consequência, a própria estética da animação possui certos limites (algo que tentam contornar com utilizo de cores mais vivas), e claro, a ausência de Lawrence (Como Viajar com o Mala do Seu Pai) e Kutcher (Jogo de Amor em Las Vegas) como os dubladores da dupla principal. Em outras palavras, o segundo filme perdeu em técnica e no único ponto marcante do primeiro filme. É de se espantar (ou na verdade se deliciar), porém, que nem tudo está perdido.

O filme ainda não passa do regular, cansa pela falta de novidade, utiliza de clichês abundantes e se encaixa como uma luva no sub-gênero da animação de bicinhos falantes, já desgastado. Mas ele agrada (em abundância até) seu público alvo, tenta fugir ao máximo de piadas ofensivas e contorna a moral torta que marcou o primeiro filme, aqui contendo uma admirável mescla de valores e lições. É algo que pode não deixá-lo um filme exatamente melhor, mas o deixa, sem dúvida alguma, como uma animação mais recomendável. Não trilha, por exemplo, no caminho do horrível O Segredo dos Animais, que é pura babaquice.

E se o filme perde (muito!) com a saída de Lawrence e o ultrajante Kutcher como dubladores (este garantindo os melhores momentos do original), ganha com personagens secundários, aqui os destaques sendo o cachorro Sr. Weenie, cujo sotaque alemão é genial, e o mimado e demoníaco Fifi, dublado com brilhantismo por Crispin Glover (A Lenda de Beowulf), cuja voz insere exatamente o tom preciso necessário para trilhar o sinistro e o cômico. Fifi rouba a cena e garante os momentos mais engraçadinhos da fita, que realmente é um poço raso. As boas idéias são poucas, as virtudes elementos que não permeiam toda a narrativa e é tudo bem limitado, algo de se esperar de um filme feito para o lançamento exclusivo apenas para locação e venda. Mas não algo de se esperar do diretor do super simpático George - O Curioso, ainda que o fraco aqui seja realmente o roteiro flácido.

Então o filme surpreende por não ser de todo um desperdício e, principalmente, por oferecer um agrado mais que satisfatório para a criançada, que poderá dar uma boa risada. Mas no fundo é um filme cheio de falhas e um tanto longo pelos seus curtos setenta e seis minutos, faltando-lhe metade das idéias necessárias para a construção de um longa-metragem. Se mantém recomendável pela admiração que atinge por elementos isolados e o efeito esperado na audiência, mas não é recomendável de forma alguma para quem busca entretenimento com toques a mais. Não tem nada demais aqui, e Fifi e Sr. Weenie não valem a locação. Quando passar na televisão, porém, será um pedido dos mais agradáveis e descomprometidos. Porque para gostar de O Bicho Vai Pegar 2, é preciso estar levemente bem humorado e se deixar ser contagiado pelas cores e excesso de personagens, dos quais apenas dois se salvam da mesmice. (Wally Soares – confira o blog Cine Vita)