Crítica sobre o filme "Zohan - Agente Bom de Corte":

Rubens Ewald Filho
Zohan - Agente Bom de Corte Por Rubens Ewald Filho
| Data: 30/01/2009

Devo ser o único crítico que defende Adam Sandler e encontra nele qualidades, já que a maior parte deles detesta suas comédias e seu estilo de humor. Não que isso impeça que ele continue a fazer sucesso (esta por exemplo passou dos 100 milhões de dólares) e continue a ser cada vez mais criativo. Vejam um exemplo: o filme trata dos problemas entre israelenses e palestinos que estão sempre em conflito e não parecem encontrar uma solução para seus embates. E nos EUA, melhor dizendo Nova York, eles vivem na mesma rua, um defronte ao outro, em relativa paz. De vez em quando tem um bate boca e sabe como termina: quando todos trocam idéias sobre as mulheres e filhas dos políticos, incluindo Bush e Obama, dizendo quais eles preferem (sexualmente) e com quais transariam. Uma cena que eu nunca tinha visto ainda no cinema e demonstra o clima atual da democracia americana.

Quem duvidar que Sandler é engraçado que dê uma olhada na coletânea dos tipos que ele andou fazendo para o Saturday Night Live. Mas é preciso reconhecer também que ele produz comédias originais e criativas, com momentos de pura farsa e surrealismo e outros, infelizmente freqüentes, de total baixaria (como aqui, quando ele transa com as velhas ainda de forma mais evidente que em The Producers).É curioso saber que o roteiro já estava pronto em 2000 e só foi adiado por causa de 11 de setembro. E que é inspirado em personagem real: um certo Nezi Arbib, de San Diego, que é ex-soldado israelense que se tornou cabeleireiro e que até serviu de conselheiro no filme.

Mas não há a menor intenção de ser uma biografia. Aqui, Zohan  é praticamente um super herói, uma figura nada realista (e por isso muito engraçado) que está infeliz enfrentando terroristas e salvando vidas, aproveitando-se de um ataque do inimigo O Fantasma (Turturro) para escapar para Nova York onde pretende se tornar o estilista de cabelos com que sonhava (ainda que trazendo um livro de modelos dos anos 80, ou seja completamente velho). Logo descobre o segredo do sucesso trabalhando com velhas judias (de todos os filmes de Sandler até agora este é o que mergulha mais fundo nas suas origens judaicas, falando com sotaque, muitas vezes brincando com coisas polêmicas e usando muitas frases e citações em hebreu). E por fim se apaixonando por uma jovem palestina (a bela francesa Emmanuelle Chriqui).

Esqueça questões de bom gosto e decoro, deixe-se levar pelas piadas e sacadas, não se incomode principalmente com o politicamente correto (outra cena que nunca vi antes em cinema, eles brincam com o gato da família, quicando-o como se fosse uma bola de futebol! Claro que não é um gato de verdade mas deve ter enfurecido as associações de proteção aos animais!).

Repleto de aparições especiais de amigos famosos, entre elas uma simpática aparição de Mariah Carey como ela mesmo. E divirta-se! (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 31 de agosto de 2008)