Conduta de Risco chega no mercado de "home" com a força de ter sido um dos grandes nomes do Oscar 2008. Nem tanto pelo que ganhou apenas a atriz Tilda Swinton levou a estatueta para casa -, mas pelos prêmios ao qual foi indicado. Esteve indicado nas principais categorías, entre elas como melhor filme, diretor, ator (George Clooney), ator coadjuvante (Tom Wilkinson) e roteiro original. Para completar a lista, ainda rendeu uma indicação para o veterano James Newton Howard na categoría de trilha sonora. Realmente um destaque impressionante para um filme crítico demais ao sistema para o gosto de Hollywood. Muito antes das indicações ao Oscar, o filme tinha me chamado atenção por ser estrelado pelo Sr. George Clooney, um ator que tem me chamado atenção há algum tempo, especialmente depois de Syriana e de Boa Noite, e Boa Sorte. Ele realmente está muito bem em seu papel, no tom exato. Depois descobri que o filme é a estréia na direção do roteirista Tony Gilroy, o homem por trás das histórias da trilogia de Jason Bourne. Em Conduta de Risco ele faz um bom trabalho.
O filme é um interessante suspense sobre a máfia existente entre grandes companhias e firmas de advocacia conceituadas. Todos sabem como as grandes firmas de advocacia conseguem as suas fortunas, não é mesmo? Pois fazendo cumprir a lei e defendendo o interesse das vítimas é que não. Eles sempre conseguem tirar, de uma maneira ou de outra, proveito para as grandes companhias. E os cidadãos comuns que se lasquem! Pois o filme conta justamente uma história de ficção sobre até que extremos uma firma destas pode chegar para preservar os seus segredos e defender o interesse de seus clientes - e, mais que tudo, de si mesmos. E o filme conta também, claro, como as grandes corporações conseguem garantir que a verdade não apareça em casos como o que o filme conta, de contaminação de recursos naturais.
Só pela premissa anterior o filme já vale a pena. Afinal, não é sempre que Hollywood resolve mexer em vespeiros como este. Mas a maneira com que a saída alternativa para o problema é escolhida por Karen Crowder (Tilda Swinton, perfeita em seu papel, tanto que ganhou o Oscar de coadjuvante por ele), a conselheira da firma de advocacia Kenner, Bach & Ledeen, me pareceu um pouco forçada. Afinal, não seria mais fácil dar um sumiço em Arthur Edens de outra maneira? Talvez lhe sequestrando simplesmente, fazendo ele sumir do mapa e lhe pagando uma passagem só de ida para um país longínquo e perdido no mapa até que a situação se resolvesse? E depois do que fazem com ele, o que resolvem fazer com Clayton parece ainda mais exagerado. De qualquer forma, o que ocorre e da maneira que ocorre rende uma troca de diálogos final de tirar o chapéu. O que Clayton diz para Crowder sobre a saída mais simples para o problema é simplesmente perfeito!
O filme tem uma boa quebra de ritmo no início, quando a história volta quatro meses no tempo para sabermos o que está acontecendo com Michael Clayton. Afinal, porque alguém explodiria o carro de um cara como ele? Depois deste ponto a história volta a ser contada linearmente e de maneira interessante. Afinal, não é nada fácil tornar quase um suspense uma história de intriga empresarial que poderia se tornar muito, muito chata. Mas o roteirista e diretor Tony Gilroy prova mesmo que sabe contar uma história. Fora um ou outro exagero estratégico dos envolvidos na história - especialmente da personagem de Karen Crowder - o filme é perfeito. Recomendado para quem gosta de histórias sobre os lados podres do poder, dar corporações e das grandes firmas de advocacia. Agora, se você não curte um filme sério deste tipo, passe longe. Não vai gostar certeza que vai achar um pouco aborrecido. Ainda que não seja. Mas, para mim, ainda está abaixo da qualidade de Syriana e de Boa Noite, e Boa Sorte. (Alessandra Ogeda confira mais detalhes no blog Crítica (non)sense da 7Arte)