Crítica sobre o filme "Hancock":

Rubens Ewald Filho
Hancock Por Rubens Ewald Filho
| Data: 21/11/2008

Dizem que o roteiro deste filme rondava os estúdios há mais de uma década, e dá para entender porque não foi produzido antes. Em parte porque lembra um pouco o terrível fracasso de O Último Super-Herói, com Schwarzenegger, em parte porque não foi solucionado a contento o problema da história, que se divide em duas partes, uma engraçada e cheia de piadas (que, infelizmente, estão quase todas no trailer), e uma outra, onde se muda completamente de tom (mas que, infelizmente, não se pode dar muitos detalhes para não estragar o possível prazer dos espectadores). Basta dizer que tudo fica mais dark, mais pesado, ganha contornos de love story, e nem sempre convence (aliás, o filme tem uma série de questões de credibilidade e lógica, mesmo se levando em conta que se trata de uma fantasia). O fato é que as duas partes não combinam, e não se juntam num todo convincente. Será preciso usar todo o prestígio de Will Smith para que o filme seja bem sucedido nas bilheterias.

Ele faz o protagonista, um super-herói relutante, que cumpre sua missão de salvar pessoas, mas por vezes de forma desastrosa, causando danos e, às vezes, atrapalhando mais do que ajudando. Bebe demais, vive modestamente num trailer, é procurado pela polícia, e desprezado pela mídia e a população. Até que aparece um relações-públicas (Jason Bateman, que passou a ficar famoso depois da série cult “Arrested Developmentâ€), que ele salva de morrer atropelado por um trem, e que lhe sugere uma tática: entregar-se para a polícia e esperar para que, eventualmente, precisem dele e o perdoem. É exatamente isso que sucede, numa série de situações bastante divertidas. O problema é que vai acontecer a virada, repentina (o que é bom), mas complicada (só então virão as explicações porque eles têm poderes, se é que dá para engolir a resolução). E dali em diante, uma sucessão de cenas de ação delirantes, mas que já se tornaram banais.

O elenco de apoio inclui aparições do co-produtor Michael Mann e do roteirista Aviva Goldman. Charlize Theron faz a mulher de Bateman, mas o personagem é ingrato e mal solucionado. Não chega a ser um desastre, como aquele Loucas Aventuras de James West, mas fica longe de ser uma diversão satisfatória. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 18 de julho de 2008)