Dizem que o roteiro deste filme rondava os estúdios há mais de uma década, e dá para entender porque não foi produzido antes. Em parte porque lembra um pouco o terrÃvel fracasso de O Último Super-Herói, com Schwarzenegger, em parte porque não foi solucionado a contento o problema da história, que se divide em duas partes, uma engraçada e cheia de piadas (que, infelizmente, estão quase todas no trailer), e uma outra, onde se muda completamente de tom (mas que, infelizmente, não se pode dar muitos detalhes para não estragar o possÃvel prazer dos espectadores). Basta dizer que tudo fica mais dark, mais pesado, ganha contornos de love story, e nem sempre convence (aliás, o filme tem uma série de questões de credibilidade e lógica, mesmo se levando em conta que se trata de uma fantasia). O fato é que as duas partes não combinam, e não se juntam num todo convincente. Será preciso usar todo o prestÃgio de Will Smith para que o filme seja bem sucedido nas bilheterias.
Ele faz o protagonista, um super-herói relutante, que cumpre sua missão de salvar pessoas, mas por vezes de forma desastrosa, causando danos e, à s vezes, atrapalhando mais do que ajudando. Bebe demais, vive modestamente num trailer, é procurado pela polÃcia, e desprezado pela mÃdia e a população. Até que aparece um relações-públicas (Jason Bateman, que passou a ficar famoso depois da série cult “Arrested Developmentâ€), que ele salva de morrer atropelado por um trem, e que lhe sugere uma tática: entregar-se para a polÃcia e esperar para que, eventualmente, precisem dele e o perdoem. É exatamente isso que sucede, numa série de situações bastante divertidas. O problema é que vai acontecer a virada, repentina (o que é bom), mas complicada (só então virão as explicações porque eles têm poderes, se é que dá para engolir a resolução). E dali em diante, uma sucessão de cenas de ação delirantes, mas que já se tornaram banais.
O elenco de apoio inclui aparições do co-produtor Michael Mann e do roteirista Aviva Goldman. Charlize Theron faz a mulher de Bateman, mas o personagem é ingrato e mal solucionado. Não chega a ser um desastre, como aquele Loucas Aventuras de James West, mas fica longe de ser uma diversão satisfatória. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 18 de julho de 2008)