Por Viviana Ferreira
| Data: 31/10/2008
Em primeiro lugar, antes de analisar o filme em si eu quero apontar duas falhas existentes na contracapa do DVD: a primeira é que afirma que Jane Austen escreveu os livros Orgulho e Preconceito e Desejo e Reparação (!!!!!!!). Pra quem não sabe, Desejo e Reparação (Atonement), é de Ian McEwan, escritor do século XX, e não de Jane, uma escritora maravilhosa, mas que com certeza não viveu para presenciar a Segunda Guerra Mundial, pois ela viveu no Século XVIII/XIX. O segundo erro é que a sinopse do filme realmente conta pelo menos 70% do longa! Caramba, se pegamos um DVD, ao ler a sinopse, com certeza não queremos saber o enredo da história por si, mas sim as deixas que a sinopse nos dá para que posteriormente possamos assistir ao filme e ver se isto condiz com o que achávamos que seria. Só isso me deixou realmente triste, pois Amor e Inocência, é muito mais de que uma história triste de amor, é sim, uma visão da escritora Jane Austen, no ápice de sua juventude, e de vários elementos que ela mesma nos apresentou em seus maravilhosos livros.
Enfim, a historia começa com a apresentação de Jane e de sua famÃlia- os ignorantes de sua figura provavelmente falarão “Copia Orgulho e Preconceitoâ€. Obviamente, quem está assistindo o filme sabendo que se trata da autora de Orgulho e Preconceito, não irá estranhar o inicio do longa. Pois bem, Jane é a mais nova de 3 irmãos (onde o mais velho Henry era soldado, Cassandra a do meio noiva e Jane, bem ela era a que recusava os bons partidos). Enfim, Jane gosta de escrever, e seu maior sonho é viver disso. O problema, para os seus pais (especialmente para sua mãe vivida pela adorável Julie Walters), é que ela precisa de um marido, pois a situação da famÃlia Austen não é nada boa. Tem- se como primeiro candidato ao coração da moça o rico Sr. Wisley, que o que tem de rico tem de sem-sal. Ele é o sobrinho favorito de Lady Gresham (Maggie Smith sempre excelente), e é totalmente apaixonado por Jane. E quando Jane acha que tudo está perdido ela conhece Tom Lefroy, estudante de direito financiado pelo tio que vai parar em Hampshire (que é onde Jane vive) para tomar um “castigo†de sua vida de libertinagens. O resto, como já anunciado na sinopse é puro sofrimento e reviravoltas (não para os fãs de Jane que conhecem sua biografia é claro).
Dirigido por Julian Jarrold (do irresistÃvel Kinky Boots), o filme realmente consegue alguns momentos brilhantes, como a cena onde Jane começa a desenvolver a história de Orgulho e Preconceito, ou como a cena em que ela afirma a Sr. Wisley que todas as suas personagens terão finais felizes. Mas peca um pouco por ser morno demais, ou previsÃvel demais. Em relação aos atores Anne Hathaway está divina no papel, convencendo muito bem como Jane Austen. James McAvoy, que para mim não tem beleza mas sim atitude e jogo de cena, faz um Tom Lefroy apaixonado, vivo e intenso. O elenco secundário, formado por Julie Walters, James Cromwell e Maggie Smith dispensa comentários é claro, todos os três excelentes.
Na parte técnica, destaque para Eve Stewart e Eimer Ni Mhaoldomhnaigh que, competentes encabeçam um figurino doce e autêntico, bem de acordo com a época. A trilha sonora de Adrian Johnston agrada mais em cena do que singularmente, mas não consegue chegar a um nÃvel muito alto, perdendo-se no seu ritmo, e o roteiro de Kevin Hood e Sarah Williams é inteligente, ao utilizar cenas da própria obra de Jane Austen para criar algumas passagens de sua história.
O filme é então bom, mas nada que se compare as produções feitas aos livros de Jane (Razão e Sensibilidade, Emma e é claro, Orgulho e Preconceito)... o que é uma pena.