Por Viviana Ferreira
| Data: 28/09/2008
Não consigo entender porque este filme, embora pequeno, mas tão bem cuidado, tenha chegado no Brasil só agora. Dirigido por Christopher Rowley e com Daniel D. Davis estreando no roteiro, A Força da Amizade, ou Bonneville é realmente um filme que deve ser apreciado com todas as suas particularidades. O filme conta a história de Arvilla (Jessica Lange), mulher que perde o marido que amava muito, Joe, e depara- se com uma situação delicada: Joe, ao casar-se com ela não fez um novo testamento, e agora ela deve lidar com a Ãnfima chantagem feita pela filha do primeiro casamento de Joe, Francine (Christine Baranski), que lhe dá um ultimato: Arvilla deve entregar a ela as cinzas do pai, caso contrario, a casa, que no testamento ficou para Francine, será tirada de Arvilla. Fragilizada ao extremo, ela aceita a proposta, e, levará até a Califórnia as cinzas do marido, mas isso com a ajuda de suas duas melhores amigas: a divertida Margene (Kathy Bates), e a certinha Carol (Joan Allen), tudo isto é claro, em um carro Bonneville vermelho que era de Joe.
Ao longo da viagem, as três amigas vão se descobrindo, e vivendo cada segundo que dividem juntas. Ao passarem por paisagens magnÃficas, onde Arvilla já havia visitado anteriormente com Joe, as três mulheres descobrem a verdadeira beleza que há no mundo, e a verdadeira beleza que há dentro delas mesmas. Encontram também, algumas pessoas ao longo do caminho, como o jovem Bo (Victor Rasuk) que está a procura de seu pai, e o motorista Emmett (Tom Skerrit) que se revela uma grata surpresa.
Ao ver três atrizes tão diferentes, mas tão talentosas, atuando juntas, apoiando uma à outra, de maneira simplista e humilde é realmente algo fabuloso. E embora o roteiro esteja sempre à mercê do clichê, os devaneios do enredo conseguem fugir do comum, e tudo isto com uma fotografia maravilhosa ao fundo de Jefrey L. Kimball, que atua como um deleite aos olhos do público.
Alguns classificaram A Força da Amizade como um filme para as mulheres. Eu, como mulher, discordo. Acredito que, embora seja um filme que tem sim, sua força nestas três mulheres, ele é muito mais do que isto. É uma historia de auto- descoberta, inteligente, simples, mas não rotineira. Que se faz segura e que passa segurança. Na medida certa, o filme não tenta ser doce ou banal. Apenas verdadeiro, em suas intenções de nos fazer pensar que as guinadas que a nossa vida dá podem nos levar à posições e lugares que não imaginamos, e que temos sim que viver o hoje, mesmo que seja para rir de algum fato, ver algum belo local, viver bons momentos com as pessoas que amamos. Pode ser que o hoje não vá suprir os nossos sonhos, mas sabemos que de algum modo, mesmo que pequenino, estamos vivendo.
Finalmente posso dizer que, infelizmente, este filme acabou tornando- se uma perola escondida, mas, que quando descoberta, pode ser apreciada com sutileza e dedicação, sem nenhum medo, de ser feliz.