Crítica sobre o filme "Jogos do Poder":

Rubens Ewald Filho
Jogos do Poder Por Rubens Ewald Filho
| Data: 30/06/2008

O público Americano está tão arredio a filmes com política e guerra, que não quis assistir nem a esta produção classe ‘A‘, que trazia, pela primeira vez juntos, dois superstars, Tom Hanks e Julia Roberts (esta também num semi-retorno ao cinema), parece que apenas porque desconfiou que esse era o tema (embora como pano de fundo). Custou 75 milhões de dólares e não rendeu nem 65 nas bilheterias americanas. Mau sinal para os astros, que têm seu prestígio abalado, ainda mais com a direção do prestigioso Mike Nichols, de a Primeira Noite de um Homem e Closer.

A crítica até gostou do filme, que me parece um pouco leve e descartável demais para ter pretensão a concorrer a prêmios. No final das contas, acabou sendo indicado ao Oscar apenas como coadjuvante, por outra interpretação marcante de Philip Seymour Hoffman (também por conta de outra boa performance do ano, no ‘Família Savage‘).

Noutro momento, seria mais fácil assistir a esta brincadeira cínica, sobre um político americano, praticamente um alcoólatra (que usa cocaína ocasionalmente, também), um congressista texano chamado Charlie Wilson, que resolve se intrometer na política externa americana, descobrindo os muitos erros da CIA (um deles foi não perceber que a União Soviética havia invadido o Afeganistão).

Por insistência de Joanne Herring (Julia Roberts, loira e, em papel de suporte), uma mulher rica e generosa, ele acaba armando um plano mirabolante para ajudar os afegãos, reunindo nisso inimigos tradicionais. Há algumas piadinhas divertidas (quase todas estão no trailer), mas a história pretende apenas ilustrar como, mais uma vez, a boa intenção de um político safado acabou tendo conseqüências imprevisíveis, já que os mesmos afegãos, que eles armaram e ajudaram a expulsar os soviéticos, depois se tornariam Talibãs e diretamente responsáveis pelo ataque às Torres Gêmeas e à crise do terrorismo. Só que isso não chega a ser mostrado (somente num letreiro ao final), e o que resta é uma historinha irônica, com elenco interessante, mas nenhuma razão maior para ser vista. (Rubens Ewald Filho na coluna CLássicos de 15 de março de 2008)