Crítica sobre o filme "Cloverfield: Monstro":

Jorge Saldanha
Cloverfield: Monstro Por Jorge Saldanha
| Data: 22/06/2008
CLOVERFIELD - MONSTRO, dirigido por Matt Reeves e produzido pela atual sensação de Hollywood J.J. Abrams (ALIAS, LOST, MISSÃO IMPOSSÃVEL 3 e o novo JORNADA NAS ESTRELAS), estreou nos cinemas do Brasil com repercussão bem menor que nos EUA. O filme adota uma abordagem similar a SINAIS e GUERRA DOS MUNDOS (versão Spielberg), ao mostrar a catástrofe sob o ponto de vista de um pequeno núcleo de pessoas - só que aqui, no lugar de uma invasão alienígena, temos o ataque de um monstro gigante a Nova York, como na refilmagem americana de GODZILLA (1998). Adicione-se a isso cenas "reais" tipo A BRUXA DE BLAIR (não recomendo o filme para quem enjoa com câmera rápida e tremida) e temos um filme curto, eletrizante, que não traz atores muito conhecidos - o que acaba ajudando na criação do senso de realismo pretendido.

Os efeitos visuais são impressionantes - parece que a cidade está mesmo sendo destruída pelo monstro. Que, por sua vez, é um show à parte, bem diferente do que já foi mostrado em filmes do gênero. Mas CLOVERFIELD tem problemas ao casar a estética "realista" do home made vídeo com um conceito que por si é irreal - o ataque de uma criatura gigante que parece ser indestrutível. E some-se a isso o comportamento "romântico" ou idealizado dos personagens, que redunda em ações heróicas típicas de... filmes. Apesar de não dirigir, dá para sentir a influência de Abrams no filme, principalmente no relacionamento dos amigos em perigo. Enfim, esta é uma viagem para não racionalizar muito e simplesmente ser curtida. E gostei até porque sou fã de filmes de monstro desde que vi o KING KONG original, passando pelos filmes dos anos 1950 com efeitos de Ray Harryhausen e o clássico GODZILLA japonês - a quem o filme homenageia já a partir do momento em que sabemos que o personagem principal está de partida para trabalhar no Japão.

Algumas curiosidades: a exemplo de A BRUXA DE BLAIR, o marketing de CLOVERFIELD incluiu uma pesada investida na internet, com a divulgação de sites e vídeos "reais" relacionados ao filme. Foram criados sites e blogs para a fictícia empresa japonesa Tagruato, que se dedica à prospecção marítima em grandes profundidades. Há até vídeos supostamente extraídos de telejornais, sendo que um deles mostra uma das plataformas da empresa sendo atacada e destruída por algo misterioso.

Por fim, uma curiosidade para fãs de trilhas sonoras: apesar de CLOVERFIELD não ter uma trilha incidental (as únicas músicas que se ouvem no filme são as da festa), vale a pena assistir todos os créditos finais. Para eles o compositor Michael Giacchino, colaborador habitual de Abrams, criou um longo e impressionante tema chamado "Roar", que é uma fantástica homenagem às trilhas do grande compositor dos filmes de Godzilla, Akira Ifukube.