Crítica sobre o filme "Shield, The: Acima da Lei - 3ª Temp.":

Fernanda Furquim
Shield, The: Acima da Lei - 3ª Temp. Por Fernanda Furquim
| Data: 12/04/2008
As séries policiais vêm se transformando desde o final dos anos 60 em uma espécie de docudrama. Tentando, ao longo dos anos, se tornarem o mais realista possível, a produção televisiva americana conseguiu, a partir dos anos 90, atingir seu objetivo em todos os aspectos: visual, narrativo e de interpretação. Os policiais centrados no estado de Nova Iorque, ou arredores, estavam levando vantagem em número de produções realistas. Mas, “The Shieldâ€, situada em Los Angeles, une-se a “Nova Iorque Contra o Crime/NYPD Blue†ou “Homicide: Life on the Street†como uma dessas produções. Ela ultrapassa a idéia do policial ultrajado com o sistema, do justiceiro ou do herói que distorce a lei para fazer cumprir os direitos dos cidadãos e colocar bandido na cadeia.

Com “The Shieldâ€, o herói se torna bandido de fato, algo que até então somente tinha sido visto em tom de comédia, como a série dos anos 70 “Xerife Lobo†ou com “O Homem da Máfiaâ€, em que o herói se vê preso entre dois mundos. “The Shield†mescla os dois mundos e traz um policial que luta pela justiça a seu modo, distorce a lei e se corrompe. É claro que para ser aceito pelo público o personagem tem uma justificativa: o próprio sistema é corrupto diante de seus interesses e de sua política.

Nesta 3ª Temporada, temos Vic Mackey (Michael Chiklins) e seu grupo de elite comemorando o grande golpe de suas vidas: o roubo de milhões de dólares da máfia armênia. Para não levantarem suspeitas, combinam de não gastar o dinheiro e se manterem na linha. Talvez o fato de Vic ter matado a sangue frio um outro policial logo na 1ª Temporada de “The Shield†tenha sido forte demais e os roteiristas tenham sentido necessidade de mostrar o lado humano do personagem. Algo que vem sendo feito ao longo da segunda temporada, juntamente com o desenvolvimento da personalidade corrupta de Vic.

Agora, com a corrupção sendo deixada de lado, por algum tempo, o público tem a oportunidade de ver os personagens que compõem o time de elite da polícia. Seus medos, seus desejos, seus interesses, suas reações e sua forma de se adaptar rapidamente às mudanças de planos e ao inesperado. O assalto ao “trem†dos armênios tem suas conseqüências que logo começam a aparecer. O time então precisa jogar com a situação, para que ninguém descubra os verdadeiros autores do assalto.

Tudo se complica quando o dinheiro começa a desaparecer. Um desconfia do outro. Algumas das notas são marcadas e quando elas começam a aparecer, o “trem†descarrila e o cerco se fecha. O grupo de desespera e, em crise de consciência, o detetive Lemansky (Kenny Johnson) decide salvar os amigos daquele dinheiro “amaldiçoadoâ€.

Além de ter que lidar com esse problema, eles também sofrem com a presença e a necessidade de trabalhar junto a policiais especializados em infiltrar-se em meio a bandidos. Escalados para fazer parte de mais um programa que porá fim à criminalidade da região, os dois grupos precisam trabalhar juntos. Mais um motivo para que Vic e seus homens se mantenham na linha.

Enquanto Vic, seu grupo e os demais policiais infiltrados lidam com a situação da gangue armênia e o tráfico de drogas da região, Dutch (Jay Karnes) e sua parceira, Detetive Claudette (CCH Pounder) estão à caça de um serial killer. Paralelamente a tudo isso, o Capitão Aceveda viverá nesta temporada, um dos momentos mais marcantes da história da série e do gênero, ao ser surpreendido, sozinho, por dois bandidos. Algo que irá afetar seu comportamento e sua atitude ao longo da temporada e da próxima. E, o policial Julien (Michael Jace) enfrenta aqui sua indecisão sobre sua sexualidade, que terá reações diversas dos demais colegas.

Todos têm seus demônios com os quais lidar, independentemente de suas posturas em relação ao trabalho. A corrupção é apenas a ponta do iceberg na profunda leitura que se faz das personalidades de cada indivíduo que compõe o elenco de personagens desta série. E é nesta temporada que eles afloram, como um todo, não apenas como um elenco de personagens, mas como pessoas de fato. (Fernanda Furquim – confira seu blog RevistaTV Séries)