Quem assistiu a “Simplesmente Martha†(2001), o simpático filme alemão disponÃvel em DVD, não precisa se incomodar em ver esta sua refilmagem americana, que segue o original quase ao pé da letra, mudando muito pouca coisa, só cortando alguns conflitos. No original, o chef é realmente italiano e não apenas apreciador de ópera, ou seja, existia um conflito de culturas e nacionalidades; e o pai da menina também seria italiano, o que levaria os dois a saÃrem procurando por ele. Tudo isso está faltando e empobreceu o filme, que se tornou apenas uma comédiazinha romântica insossa, mesmo sendo um food-filme (e um dos retratados por mim no livro ‘O Cinema vai à Mesa‘, que lancei esta semana pela Editora Melhoramentos). Ou seja, as mulheres e os gourmets irão apreciar melhor este filme, dirigido sem inspiração (à s vezes até músicas da trilha sonora são reaproveitadas), realizado pelo diretor australiano Scott Hicks, que fez “Shineâ€, “Neve Sobre Cedros†e “Lembranças de um Verãoâ€.
O mais interessante do filme é Catherine Zeta Jones, bela como sempre, fazendo Kate, uma obsessiva chef de cozinha, que vive para seu trabalho num pequeno restaurante de Manhattan, que pertence à compreensiva PatrÃcia Clarkson. Quando sua assistente fica grávida, esta manda chamar um outro chef, Nick (Aaron Eckhart, de ‘Obrigado por Fumar‘, melhor como figura cÃnica do que como galã), o que provoca irritação, ciumeira, brigas e, eventualmente, um romance. Para complicar, Kate perde a irmã que lhe deixa como herança uma adorável sobrinha (interpretada por Abigail Breslin, a menina indicada ao Oscar por ‘Pequena Miss Sunshine‘). E as duas têm dificuldades em se adaptarem à nova vida e aos novos hábitos. Nada porém que um pouco de boa comida não cure.
Pena que falte ao filme mais pimenta, mais condimento, mais criatividade, para fazer jus à sua temática. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 13 de agosto de 2007)