Crítica sobre o filme "Escorregando Para a Glória":

Rubens Ewald Filho
Escorregando Para a Glória Por Rubens Ewald Filho
| Data: 27/12/2007

Não sei se é o público, ou as distribuidoras, que ainda não  descobriram e deram a devida chance, no Brasil, para o comediante Will Ferrell, ídolo nos EUA, que tem acertado numa série de comédias muito divertidas, que têm saído geralmente em DVD (Rick Bobby a Toda Velocidade, o brilhante Mais Estranho que Ficção, O Âncora), além de ter feito um bom papel em “Os Produtoresâ€. É verdade que patinação no gelo não é um esporte popular no Brasil, por razões tropicais. Mas nos EUA tem uma grande mitologia, e é famoso por ser o esporte que tem maior número de gays, assumidos ou não.

A falta de familiaridade com o tema e as figuras (inclusive alguns famosos, que fazem pontas) irá prejudicar o prazer de se assistir esta farsa, que brinca com os estereótipos do gênero, sem ofender ninguém, mas tirando um inegável sarro dos exageros, ataques de estrelismo, rivalidades, e até atentados que já ocorreram. Sem esquecer as coreografias exageradas e por vezes absurdas (acentuadas aqui por efeitos especiais), sempre mostradas pelo ponto de vista da TV, que habitualmente cobre esses eventos (o filme, que estreou lá em 8 de julho, já passou dos 118 milhões de dólares de renda, nada mal para uma comédia).

Ferrell (que veio do Saturday Night Live) faz o egocêntrico Chazz (viciado em sexo, alcoólatra), que durante as Olimpíadas  de Inverno de 2002 briga com seu rival, o arrogante e mimado Jimmy (Jon Heder, revelado em Napoleon Dynamite), em plena entrega de medalhas, e são banidos para sempre da competição individual. Ambos passam por fase difícil, quando têm a idéia brilhante de formarem uma dupla, e voltarem assim a competir, já que não haveria impedimento escrito a isso. Antes têm que deixar de lado suas excentricidades (o legal dos filmes com Ferrell é que ele sempre faz um antipático de bom coração).

Brinca-se com tudo, com os figurinos exagerados, as músicas sentimentais, os problemas sexuais (os rivais deles são um casal de irmãos incestuosos); tudo é motivo de troça (e sem muito exagero na grosseira). Quem dirige é uma dupla vinda da publicidade, famosos por comerciais do Geico.(Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 5 de outubro de 2007)