Não me lembro de ter visto o filme original chamado School for Scoundrels or How to Win without Really Cheating!, uma comédia inglesa inédita no Brasil de 1960, dirigida por Robert Hamer, com Ian Carmichael e Terry Thomas, que parece ter sido inspirado em livro de auto-ajuda. Contava de um jovem que encontra uma escola muito particular, que o ensina como se aproveitar dos outros, como se sair melhor em conversas, seduzir mulheres e até ganhar em partidas de tênis infernizando a vida do outro rival. Mas sem duvida é uma idéia oportuna que merecia ser refeita pelos americanos o que acabo sucedendo nesta pouco conhecida fita da dupla responsável por Caindo na Estrada, Dias IncrÃveis, o novo Starsky e Hutch (ou seja, nada intelectuais fazem fitas para adolescentes ou aqueles que ainda acham que continuam nesta fase da vida).
Estou cansando de ficar sempre reclamando da critica americana atual que tem errado constantemente principalmente em fitas mais modestas como esta, que foi destruÃda por eles e acabou não fazendo qualquer sucesso. Mas erraram, a comédia tem coisas bem divertidas e algumas sacadas inteligentes. É só preciso um pouco de paciência para entender o estilo de humor do ator Jon Heder, revelado em Napoleão Dynamite e depois disso em outros filmes como o ainda inédito aqui Escorregando para a Glória. Ele é o super nerd, com uma cara de avestruz e um jeitão abobado mas simpático, de ter pena. Cansado de ser vitima e sempre perder, ele topa pagar uma fortuna para um professor metido e pretensioso (Thorton , repetindo parte do tipo do Bad Santa) entrando para um curso de auto ajuda diferente, que deve lhe libertar o leão interior. Ou seja, para vencer, vale tudo, aplicar qualquer golpe, trair os amigos (e o próprio aluno já que o professor entrara numa disputa para tentar conquistar a garota de quem Heder gosta). Ou seja, isso reflete bem o espÃrito cÃnico e inescrupuloso em que vivemos.
É verdade que na ultima parte cai-se num romantismo duvidoso mas o filme nunca chega a ser tão grosseiro quanto similares (temo que tenha sido aquele estupidez do critico atual que pediu mais piadas, mais apelação, mais baixaria). E tem momentos bem divertidos. Na ausência de grandes lançamentos, pode ser assistido sem susto. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 2 de julho de 2007)